O PPE vence eleições no conjunto dos 27 países, com subida da extrema-direita. Verdes, Esquerda e liberais afundam Le Pen arrasa em França e Macron convoca eleições legislativas. Primeiro-ministro belga demite-se e governos espanhol e alemão sofrem derrotas pesadas.
Corpo do artigo
O próximo Parlamento Europeu vai ter mais deputados da extrema-direita e mais amigos de Vladimir Putin, mas os cidadãos da Europa elegeram maioritariamente deputados europeístas e de partidos democráticos. O PPE, vencedor das eleições, foi o único partido do centro que aumentou o número de deputados. Houve hecatombe dos partidos de Governo em França (com Macron a convocar eleições), Bélgica (o primeiro-ministro demitiu-se), Espanha e Alemanha.
O PPE venceu as eleições e a anunciada escalada da extrema-direita aconteceu, mas parece insuficiente para minar os alicerces da União Europeia. Aos deputados da ID e do ECR, ambos da Direita mais populista, há ainda que somar a eleição de deputados de extrema-direita da AfD alemã, e do Fidesz da Hungria, que ainda estão colocados nos “não inscritos” ou nos “outros”. Só juntos conseguem poder para bloquear as decisões da União, não se sabendo ainda que configuração terá a extrema-direita numa altura em que se aventa a criação de um terceiro grupo radical, integrando, por exemplo, o Fidesz de Viktor Órban.
Governos liberais caem
Apesar de serem 27 países, a composição do Parlamento Europeu é muito influenciada pelos países grandes que elegem mais deputados. Neste capítulo, a extrema-direita conseguiu o melhor resultado em França (31,5%), ao eleger 30 deputados por via da União Nacional de Marine le Pen.
O resultado francês levou Emmanuel Macron a dissolver o Parlamento e a convocar eleições para 30 de junho. “Estamos prontos para exercer o poder”, disse a vencedora da noite eleitoral francesa. A hecatombe liberal - passou de mais de 100 deputados para cerca de 80 - não foi exclusiva do território francês.
Ali ao lado, na Bélgica, o primeiro-ministro, Alexander De Croo, apresentou a demissão depois de ficar em terceiro lugar, atrás dos dois partidos de extrema-direita: “A partir de amanhã renunciarei ao meu cargo de primeiro-ministro”.
Outro Governo sem razões para sorrir é o de Olaf Scholz. O partido social-democrata alemão (equivalente ao PS em Portugal), ficou-se pelos 14%. Junta, a coligação de Governo alemã aproxima-se dos 30%.
Em Espanha, o Governo de Pedro Sánchez também saiu derrotado, ainda que por pouco. Depois da turbulência interna com o processo de corrupção da mulher (já arquivado) e das críticas devido à amnistia, o governante espanhol atravessa novo período difícil com a derrota eleitoral para o PP.
A vitória do PPE não significa que Ursula von der Leyen vá ter vida fácil para ser reeleita presidente da Comissão Europeia. No discurso de vitória, a alemã disse que o PPE é “a âncora da estabilidade” e que “permanece uma maioria ao centro para uma Europa mais forte”. Depois, anunciou que falará com os socialistas e liberais para manter a plataforma de entendimento que vigorou entre 2019 e 2024.
No caso de se afigurar impossível a continuidade do acordo com socialistas e liberais, a única alternativa está nos conservadores e reformistas de Direita, o que pode inviabilizar o apoio dos liberais e, por consequência, a eleição.
“Pedimos agora o apoio dos outros partidos no sentido de respeitarem o resultado das eleições. Ursula von der Leyen deve ser a próxima presidente da Comissão”, disse Manfred Weber, presidente do PPE. Pelos socialistas, o português Pedro Marques admitiu a derrota e apenas disse: “Não há coligações com a ECR nem com a ID”.
Iskra Mihaylova, vice-presidente dos liberais europeus, revelou que “só na segunda metade de junho” é que o grupo “vai decidir como trabalhar em conjunto com a maioria europeia”.
Pela Europa
Fidias eleito no Chipre
Fidias Panayiotou nada percebe de política, como o próprio admite, mas foi eleito pelo Chipre. Este youtuber tem 2,6 milhões de seguidores e obteve 14,7% com o seu partido unipessoal.
Acabou-se a festa
O partido espanhol “acabou-se a festa”, populista e nascido nas redes sociais para combater a corrupção, conseguiu eleger três deputados.
AfD e União Nacional
Os dois maiores partidos do Parlamento Europeu são a CDU alemã (do PPE, com 31 deputados) e a União Nacional francesa (da ID, com 30).
CDU vence na Rússia
A CDU venceu as eleições europeias no consulado português na Rússia, com apenas três votos. Ao todo, votaram 11 portugueses no país de Putin. A IL ficou em segundo.