O tempo não está a ser generoso com o Facebook que tem sido alvo, nos últimos anos, de duras acusações. A gigante das redes sociais está a enfrentar uma enxurrada de críticas desde que Frances Haugen, ex-funcionária da empresa, revelou estudos internos que mostram que a rede social conhecia os potenciais danos que os seus sites provocam.
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Desta vez, os milhares de documentos internos, apelidados de "Facebook Papers" pelo consórcio de 17 órgãos de comunicação social norte-americanos que analisou e divulgou a informação esta segunda-feira, mostram como o algoritmo da rede social potencia o ódio, a violência e prioriza conteúdos de extrema-direita.
Neste último caso, a pasta tornada pública por Haugen deixa claro como a invasão ao Capitólio norte-americano, a 6 de janeiro, foi organizada em grupos da rede social.
Além disso, os documentos revelam que o próprio CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, aprovou um pedido do governo do Vietname para limitar as publicações com informação "anti-estado".
O Facebook "maltratou ativistas enquanto eliminava a liberdade de expressão, tornando-se uma ferramenta de média para o Partido Comunista do Vietname", disse à agência "France-Presse" (AFP) Huynh Ngoc Chenh, um dos bloguers mais influentes do Vietname e que se concentra em questões de democracia e direitos humanos.
O Facebook qualificou a informação como uma publicação parcial dos seus estudos internos, cujo objetivo seria criar uma impressão negativa sobre a rede social, usada por milhões de pessoas.
À AFP, o Facebook adiantou que restringiu alguns conteúdos no Vietname "para ajudar a garantir que serviços continuassem disponíveis para milhões de pessoas que dependem deles todos os dias".
Segundo o consórcio de 17 órgãos de comunicação social, incluindo o "The New York Times", "The Washington Post" ou "The Wall Street Journal", os documentos mostram também a forma como redes criminosas utilizam ao Facebook para tráfico de humanos ou de órgãos, assim como por cartéis de droga.
Apesar dos escândalos revelados nos últimos dias, o Facebook apresentou ontem um lucro de 9,2 mil milhões de dólares (7,9 mil milhões de euros) no terceiro trimestre, mais 17% do que no mesmo período do ano passado.