A família de uma jovem que morreu nos atentados terroristas em Paris conseguiu levar a tribunal um processo contra o Facebook, o Twitter e o Youtube. Os pais de Nohemi Gonzalez querem que estas redes sociais sejam responsabilizadas pela disseminação de informação e propaganda jiadistas.
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Nohemi Gonzalez foi uma das vítimas dos atentados terroristas que acontecerem em Paris a 13 de novembro do ano passado.
A família desta jovem de 23 anos, estudante norte-americana, culpa o Facebook, o Twitter e o Youtube por permitirem a divulgação de informação que serviu de base ao planeamento de vários ataques terroristas, entre eles o que vitimou Nohemi, morta quando estava no terraço do restaurante Le Carrillon, numa das noites mais implacáveis do terrorismo em solo europeu.
"A realidade é que, se essas empresas limitassem a forma como os terroristas utilizam os seus serviços, eles não agiam desta forma", afirmou a advogada da família, Keith Altman.
O caso fez sentar as três empresas no banco dos réus do tribunal federal de Oakland, na Califórnia, numa audiência inédita.
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O crime em causa é o de "apoio material a um grupo terrorista". O Estado Islâmico utilizava os serviços destas três gigantes tecnológicas para recrutar membros, angariar dinheiro e divulgar propaganda jiadista. A lei que terá sido violada é uma das que foram aprovadas pelo "Patriot Act" norte-americano, um conjunto de leis de reforço da segurança interna e de combate ao terrorismo, que foi aprovado depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.
As três empresas acusadas defendem-se com o argumento de que reforçaram os seus mecanismos de alerta para a deteção e remoção de conteúdos considerados violentos. Estes mecanismos, que podem ser automáticos ou de controlo humano, não são infalíveis e permitem que conteúdos de apelo à violência fiquem por vezes disponíveis online ao longo de várias semanas.
O Twitter, por exemplo, alega que tem "equipas em todo o mundo que investigam ativamente denúncias de violação das regras, que trabalham com os agentes da autoridade quando a situação o exige".
Nos EUA, vários familiares de vítimas de ataques violentos e terroristas têm usado o "Patriot Act" para apresentar queixa contra diversas redes sociais. Em janeiro deste ano, a viúva de um empreiteiro assassinado na Jordânia apresentou queixa em Nova Iorque contra o Facebook, por alegada cumplicidade com o Hamas (o maior grupo islâmico de militantes palestinianos), exigindo o pagamento de uma indemnização de um milhões de dólares.