O governador do estado sul-sudanês de Kapoeta, Louis Lobong, assegurou que o Governo indemnizará as famílias das 15 crianças que morreram em maio, após tomarem uma vacina contaminada numa campanha de imunização contra o sarampo.
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Em declarações à imprensa, o governador sublinhou que os "responsáveis pela morte das crianças serão levados a tribunal e que o Governo se responsabilizará pela indemnização material", embora não avançasse com números.
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A ONU confirmou dia 2 que 15 crianças morreram no Sudão do Sul depois de terem tomado vacinas contra o sarampo que não estavam em condições de serem administradas, numa campanha levada a cabo por equipas locais.
As primeiras informações sobre o caso chegaram à Organização Mundial de Saúde a 8 de maio e, seguindo o protocolo, foi iniciada uma investigação com especialistas independentes que concluiu que a causa da morte dos menores foi erro humano.
Uma seringa foi usada durante os quatro dias que durou a campanha de vacinação
As autoridades confirmaram que a equipa que vacinou as crianças não era qualificada para a tarefa, que uma mesma seringa foi usada durante os quatro dias que durou a campanha em vez de ser descartada após a primeira utilização.
O Ministério da Saúde daquele país acrescentou que as vacinas chegaram a ser administradas por crianças de 12 anos e que as vacinas foram armazenadas sem refrigeração.
As Nações Unidas disseram que as crianças morreram com uma "grave septicemia (infeção do sangue)" devido à "toxicidade" da vacina.
O Governo referiu que todas as crianças que morreram tinham menos de cinco anos.
Cerca de 300 crianças foram abrangidas pela campanha de vacinação contra o sarampo na área em que ocorreram as mortes, sendo o objetivo imunizar dois milhões de crianças em todo o país.
As 15 crianças morreram no início de maio na cidade de Kapoeta (sudeste), tendo outras 32 registado febre, vómitos e diarreia, mas recuperado, segundo um comunicado conjunto da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
O sarampo é um dos vários desafios no Sudão do Sul, um dos países mais pobres de África, que enfrenta a fome e vive uma guerra civil há mais de três anos.
Em 2016 o Sudão do Sul teve pelo menos 2294 casos de sarampo e 28 pessoas morreram, segundo dados da ONU.
As Nações Unidas consideraram hoje que o risco do sarampo no país continua "extremamente alto".
A guerra civil no Sudão do Sul já matou dezenas de milhares de pessoas e obrigou mais de 1,8 milhões a abandonarem as suas casas.