Candidatos às eleições legislativas espanholas discursaram no último dia de ação eleitoral. Líder do PP ensombrado por amizade com conhecido narcotraficante da Galiza.
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Os candidatos à presidência do Governo espanhol tiveram, esta sexta-feira, a última oportunidade para apelar ao voto. Pedro Sánchez (PSOE), Yolanda Díaz (Sumar) e Santiago Abascal (Vox) queimaram os derradeiros cartuchos em Madrid. Já Alberto Núñez Feijóo (Partido Popular, PP) terminou a jornada na região que o viu nascer: a Galiza.
O encerramento da campanha ficou, no entanto, marcado pelo facto do líder do PP ter admitido, esta quinta-feira, durante uma entrevista, que quando conheceu Marcial Dorado, um narcotraficante da Galiza, este já estava envolvido em negócios ilícitos, mas apenas ligados ao contrabando. A revelação vai contra o que Feijóo tem vindo a alegar, já que, nas últimas semanas, sempre negou conhecer as movimentações ilegais do amigo.
Depois de ter disseminado uma fotografia da década de 1990, na qual se podia ver Feijóo no mesmo iate que Dorado, Sánchez encerrou ontem a campanha em Getafe, um município de Madrid, sem falar diretamente da polémica que envolve o principal opositor.
“Vamos ganhar”, proclamou o atual primeiro-ministro, apesar de as sondagens indicaram uma clara vitória do PP. Sánchez aproveitou ainda para lembrar que o Vox (partido com o qual o PP poderá ter de se coligar para alcançar uma maioria absoluta) é “machista" e “retrógrado”, assinalando que os populares são iguais, porque alinham com a extrema-direita.
Na Corunha, onde também vai passar o dia de reflexão, Feijóo mostrou-se alheio à controvérsia que o liga a Dorado. “Menos tensão, mais moderação. Menos eu, mais nós”, prometeu Feijóo para os próximos anos, concentrando-se nos apelos ao voto útil no PP, de modo a que o partido possa governar sozinho sem necessitar de qualquer aliança com o Vox. “Não tenho pactos com ninguém”, destacou. “Dentro de dias o Sanchismo será passado”, disse, confiante na vitória.
Por sua vez, a líder da coligação Sumar, Yolanda Díaz, esteve no Círculo das Belas Artes, no coração da capital espanhola, onde contou com o apoio de representantes do mundo da cultura, como foi o caso do conhecido realizador Pedro Almodóvar.
A candidata de Esquerda, que luta pelo terceiro lugar na corrida eleitoral, realçou que o facto de Feijóo ter mudado o discurso sobre a relação de amizade com um traficante “mudou tudo”, dando conta de que a figura favorita à vitória andou a espalhar “mentiras” até então. A ainda ministra do Trabalho encerrou a etapa eleitoral no parque Enrique Tierno Galván, na mesma cidade.
Santiago Abascal escolheu a praça de Colón, em Madrid, para fechar a campanha. Embora esteja em vias de se aliar ao PP para formar Executivo, o conservador não se inibiu de fazer críticas aos populares. O representante da extrema-direita acusou o partido de Feijóo de "estender a mão a todos", menos ao Vox, depois de uma polémica sobre a distribuição das presidências das comissões na Câmara Municipal de Vitória.
Espanha vai a votos no próximo domingo 23 de julho, com as sondagens a darem uma clara vitória ao PP, porém, longe de alcançar uma maioria absoluta. Para que tal aconteça, os populares poderão ter de se aliar ao Vox, trazendo um Governo de Direita para o país vizinho.