A fortuna privada do rei Carlos III de Inglaterra vale pelo menos 1,8 mil milhões de libras (mais de dois mil milhões de euros), já com a herança da mãe, a rainha Isabel II, falecida em setembro passado.
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Os cálculos, revelados nesta quinta-feira pelo diário britânico "The Guardian", através de uma investigação com recurso a um conjunto de peritos avaliadores de várias especialidades, são feitos "por baixo" e, em vários casos, apenas relativos a amostras representativas de peças de património.
É o caso da coleção privada de joias de famílias - umas compradas, muitas oferecidas - em relação às quais os peritos selecionaram 54 peças. Valem 533 milhões de libras.
O ativo mais valioso é o Ducado de Lancaster, um conjunto de propriedades estimado em 653 milhões de libras, pelas quais Carlos recebe 20 milhões de rendas anuais.
O conjunto de propriedades é agora calculado em 330 milhões, com a entrada dos castelos (e respetivas terras) de Balmoral, no valor de 80 milhões, e de Norfolk, avaliado em 250 milhões, provindos da herança de Isabel II.
O jornal nota que se trata das propriedades privadas, que nada têm a ver com a imensidão de palácios (Buckingham e Kensington, por exemplo), castelos e residências que cabem ao soberano titular da coroa.
Livre de imposto sucessório
Segundo "The Guardian", Carlos não pagou imposto sucessório sobre as propriedades de Balmoral e Norfolk.
Não é uma ilegalidade: segundo um acordo firmado em 1993 entre a própria rainha e o governo conservador de John Major, Isabel II concordou em pagar voluntariamente impostos sobre o seu rendimento privado e o primeiro-ministro permitia isenção de impostos sobre os legados entre monarcas, para incentivar os Windsor a transmitir a fortuna através da linha de sucessão.
Este mecanismo, anota o jornal, permitiu que o herdeiro da coroa chegasse assim à posse de mais bens, em detrimento dos irmãos - os príncipes Ana, Eduardo e Andrew - que não receberam o que gostariam.
Em terceiro lugar no rol da fortuna de Carlos III, que vai ser entronizado rei em 6 de maio próximo, surge a categoria investimentos, estimada muito por baixo em 142 milhões de libras. O jornal afirma que é o tópico mais difícil, senão impossível, de apurar, devido a diversos mecanismos para os ocultar. E a Casa Real, já se sabe, não comenta aspetos da vida particular como estes.
Coleção de cavalos já a render
Segue-se a coleção de selos raros - considerada a melhor do mundo - com centenas de milhares de peças avaliadas em mais de 100 milhões de libras.
Ocupação predileta de Isabel II, a coleção de cavalos puro-sangue é outro ativo herdade. Setenta animais valem 27 milhões de libras e Carlos III já os pôs a render, afirma "The Guardian", indicando que recebeu 2,3 milhões num recente leilão de um número não indicado de exemplares.
As obras de arte são outro caso. O valor real das peças - entre as quais se contam as assinaturas de Marc Chagal, Salvador Dalí, Monet e tantos outros "obrigatórios" - é incalculável.
Os peritos que assessoraram o jornal nesta investigação apontam o valor global das 60 obras mais significativas (entre centenas) em 24 milhões de euros, reconhecendo que "subestimado significativamente"...
Finalmente, a coleção de automóveis, face à dificuldade em distinguir os que são propriedade de Carlos III ( o jornal conta 23) e os que estão cedidos pelas marcas, também avaliada por baixo: 6,3 milhões.