
Governo francês quer suspender a plataforma online da Shein
Foto: Teresa Suarez / EPA
A França instou nesta quinta-feira, 6 de novembro, a União Europeia (UE) a punir a plataforma de comércio online Shein por infringir "de forma evidente" as normas do bloco.
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O governo francês ativou na quarta-feira um procedimento para suspender a plataforma, muito criticada pela venda online de bonecas sexuais com aparência infantil.
O ministro francês Jean-Noël Barrot afirmou, no entanto, que o país quer "ir mais longe" e pediu ações da UE contra a empresa fundada na China e, atualmente, sediada em Singapura. "A Comissão [Europeia] iniciou algumas investigações, agora deve acompanhá-las com sanções", declarou Barrot à rádio France Info.
Em fevereiro deste ano, a Comissão abriu uma investigação sobre a Shein por suspeitas de que a empresa não faz o suficiente para evitar a venda de produtos ilegais.
Paralelamente, a Shein, que inaugurou na quarta-feira em Paris a sua primeira loja física permanente no Mundo, é alvo na França de uma investigação judicial por vender bonecas com aparência infantil acompanhadas de mensagens sexuais.
As investigações, que também envolvem plataformas rivais como AliExpress, Temu e Wish, concentram-se na "disseminação de mensagens violentas, pornográficas ou contrárias à dignidade, acessíveis a menores de idade".
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Num primeiro comentário, a Comissão Europeia declarou nesta quinta-feira que leva o caso "muito a sério" e que, se necessário, tomará medidas contra a plataforma.
"A venda de bonecas de caráter pedopornográfico é um motivo extremamente preocupante. Não queremos esses produtos para nossos concidadãos europeus", afirmou Thomas Régnier, porta-voz da Comissão para Assuntos Digitais.
Normas "não estão a ser respeitadas"
Barrot considerou que as normas comunitárias sobre serviços e conteúdos digitais "não estão a ser respeitadas" e que a UE "permitiu a prosperidade de grandes plataformas cujas regras são estabelecidas por bilionários chineses e americanos".
Na decisão de quarta-feira, as autoridades francesas deram 48 horas à Shein para retirar os produtos "proibidos", antes que o governo exija a suspensão do site.
O diretor executivo da Shein, Donald Tang, garantiu o "compromisso inabalável de respeitar todas as leis francesas", numa carta enviada na noite de quarta-feira a Serge Papin, ministro do Comércio.
Tang propôs uma reunião para apresentar o "marco de conformidade" e as "medidas firmes e imediatas" tomadas pelo gigante do comércio eletrónico, segundo informações do jornal "Le Parisien", confirmadas nesta quinta-feira pela Shein à AFP.
A empresa já anunciou a suspensão na França do seu marketplace, onde vendedores terceiros podem vender os seus produtos online.
A França impôs neste ano três multas à Shein, totalizando 191 milhões de euros, por incumprimento da legislação sobre "cookies", promoções falsas, informações enganosas e a não declaração de microfibras plásticas.
