Funcionário morreu esta quarta-feira em explosão nas instalações de agência das Nações Unidas. Israel, que negou autoria, retomou corredor de Netzarim, que divide enclave.
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O segundo dia de bombardeamentos pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) à Faixa de Gaza provocou pelo menos 436 mortos, revelaram as autoridades do enclave, que é agora alvo de operações terrestres. A retoma unilateral da ofensiva por Telavive, que provocou vítimas mesmo em instalações das Nações Unidas, resultou em longas filas de palestinianos em deslocação, temendo novos combates no Norte.
“Nas últimas 24 horas, as forças das FDI iniciaram operações terrestres direcionadas no Centro e Sul da Faixa de Gaza para expandir o perímetro de segurança e criar uma zona tampão parcial entre o Norte e o Sul da Faixa”, anunciaram os militares de Israel, que “assumiram o controlo e expandiram a sua presença até ao Corredor Central de Netzarim”.
Com o último balanço divulgado pela Defesa Civil de Gaza, de 436 mortes, incluindo 183 crianças, o total de óbitos no enclave desde 7 de outubro de 2023 chegou a 49 547.
Entre as vítimas mortais está um funcionário da ONU que se encontrava nas instalações do Gabinete das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS), na cidade de Deir el-Balah, no Centro do território. “O que sabemos é que uma munição explosiva foi lançada ou disparada contra a infraestrutura e detonada no interior do edifício. Não sabemos neste momento que tipo era (armas lançadas de avião, artilharia, foguete)”, afirmou a agência, em comunicado.
“Isto não foi um acidente, foi um incidente. O que se passa em Gaza é inconcebível”, declarou o diretor-executivo do UNOPS, Jorge Moreira da Silva, ao comentar o episódio, que deixou ainda cinco feridos e cuja autoria foi rejeitada pelas FDI. “Estou em choque e devastado com esta trágica notícia. Vi a dedicação absoluta da nossa equipa em Gaza no mês passado. Eles e outros funcionários e instalações da ONU nunca devem ser visados. As minhas sinceras condolências a todos os afetados”, frisou o português.
Enquanto diversos deslocados fugiam do conflito, o ministro da Defesa israelita lançou um “último aviso” aos residentes do enclave, incentivando o que a ONU já alertara ser “limpeza étnica”. “Sigam o conselho do presidente dos EUA. Devolvam os reféns e removam o Hamas, e outras opções abrir-se-ão para vocês – incluindo a possibilidade de partir para outros lugares do Mundo para aqueles que quiserem”, disse Israel Katz.
Hamas quer negociações
Apesar da nova ofensiva israelita, “o Hamas não fechou a porta às negociações”, reforçou um oficial do grupo, ouvido pela agência France-Presse. “Não há necessidade de novos acordos à luz do acordo existente assinado por todas as partes”, destacou Taher al-Nunu, que faz parte da delegação dos islamitas no Cairo e que defende a implementação da segunda fase da trégua.