Com mais camiões a chegarem, Nações Unidas e organizações aumentaram distribuição de alimentos na Faixa de Gaza. Países anunciaram, esta segunda-feira, novos centros de entrega e lançamentos aéreos.
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O crescente número de mortes na Faixa de Gaza devido à fome, na última semana, alarmou diversos países, incluindo aliados de Israel, que começaram - ou prometeram - enviar ajuda humanitária para o território palestiniano. Mesmo com as "pausas táticas" decididas por Telavive, os israelitas continuaram a disparar sobre pessoas que esperavam por alimentos.
Principal parceiro de Israel, os EUA anunciaram centros de entrega de alimentos no enclave, "onde as pessoas podem entrar e não há limitações", segundo Donald Trump. "Vamos enviar comida boa e forte, podemos salvar muita gente. Quer dizer, algumas destas crianças... isso é coisa de quem passa fome a sério", constatou o presidente norte-americano, que crê que um cessar-fogo é "possível". Tal declaração contrasta com a recusa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em reconhecer que há fome em Gaza.
A organização americana Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada pelo Governo israelita, opera há dois meses com escassos pontos de distribuição de alimentos, em áreas controladas pelos militares hebraicos - acusados frequentemente de dispararem de forma deliberada sobre os civis. Esta segunda-feira, oito pessoas nestes locais de entrega foram mortas por Israel, segundo fontes médicas citadas pela agência palestiniana Wafa.
A ONU e várias organizações humanitárias, com anos de experiência em Gaza, recusam-se a trabalhar com a obscura recém-criada GHF. Nos últimos dias, tais entidades conseguiram aumentar o fluxo de camiões no território por causa das "pausas táticas" diárias declaradas por Israel, que tem cercado e ocupado o enclave.
"Partilhei com o vizinho"
Jamil Safadi acordava cedo há duas semanas em busca de alimentos e, finalmente, teve sucesso. "Pela primeira vez recebi cerca de cinco quilos de farinha, que partilhei com o meu vizinho", contou à agência France-Presse o homem de 37 anos que vive numa tenda na Cidade de Gaza com a mulher, seis filhos e o pai doente.
Após Jordânia e Emirados Árabes Unidos entregarem ajuda pelo ar, foi a vez de Espanha anunciar que fará o mesmo, enviando 12 toneladas. "A fome em Gaza é uma vergonha para toda a humanidade e, por isso, pará-la é um imperativo moral", disse o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.
A Alemanha anunciou também o lançamento aéreo de alimentos e medicamentos, em coordenação com a França e o Reino Unido. "Sabemos que esta pode ser apenas uma ajuda muito pequena para a população de Gaza, mas, no entanto, é um contributo que daremos com todo o gosto", pontuou o chanceler germânico, Friedrich Merz. Berlim é um dos principais apoiantes de Telavive na guerra.