Símbolo da resistência iraniana à pressão internacional, a central de enriquecimento de urânio Fordo, construída debaixo de montanhas, é um dos alvos prioritários que Israel quer destruir na vaga de ataques que começou a 13 deste mês. Mas só conseguirá fazê-lo com uma bomba específica, a GBU-57, na posse dos EUA.
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Embora Israel tenha conduzido missões de sabotagem e ataques aéreos contra a infraestrutura nuclear iraniana - alegando que Teerão se aproximava do “ponto de não retorno” para obter uma bomba atómica - a sua capacidade de atingir a central de enriquecimento de urânio Fordo está limitada.
Para conseguir chegar a este equipamento altamente estratégico e construído debaixo de uma montanha perto da cidade sagrada de Qom, o país precisa da poderosa bomba americana GBU-57. Projetada pela Boeing e com um peso de 13.600 kg, é a única que consegue penetrar profundamente a terra e destruir instalações subterrâneas fortificadas. Só os grandes bombardeiros, como o americano B-2 Spirit, são capazes de lançar esta bomba de seis metros de comprimento.
Construída em segredo e revelada ao Mundo apenas em 2009, a Fordo está incrustada na Cordilheira de Zagros, a uma profundidade de 71 a 91 metros de rocha, sendo imune a qualquer ataque aéreo convencional. Para Israel, trata-se, por isso, de um desafio intransponível. O facto de só os EUA poderem usar a GBU-57 confere a Washington uma posição de relevo na gestão do confronto Israel-Irão. Há muito tempo que Israel pediu para ter acesso a estas bombas antibunker, mas o Governo americano nunca o permitiu, numa conjugação de fatores técnicos, estratégicos e políticos. Aliás, os sistemas de lançamento da GBU-57 são tão sigilosos que os Estados Unidos não os partilham nem com os aliados mais próximos.
Para o Irão, a central Fordo é um símbolo de resistência à pressão ocidental, representando o esforço do país em manter o seu programa nuclear apesar da ameaça das sanções internacionais. A menos que os EUA alinhem oficialmente no conflito, Israel dificilmente conseguirá derrubar totalmente as capacidades nucleares iranianas.
"Talvez ataque, talvez não"
O presidente dos EUA recusou, esta quarta-feira, revelar se pretende ou não atacar o Irão. "Vocês não sabem se vou fazê-lo. Talvez ataque, talvez não ataque", referiu, citado pela CNN.
Donald Trump disse ainda que o Irão "está com muitos problemas e quer negociar". "E eu perguntei: 'porque é que vocês não negociaram comigo antes de toda esta morte e destruição?'", acrescentou.
Israel lançou um ataque sem precedentes contra o Irão na passada sexta-feira, dia 13 de junho. Desde então, atingiu centenas de instalações militares e nucleares e matou militares de topo e cientistas nucleares.
Depois de negar ter construído armas nucleares, o Irão ripostou com o lançamento de mísseis e drones contra várias cidades israelitas.