Um glaciar que está a derreter na encosta italiana do Monte Branco está a ser observado de perto por cientistas, que temem que o aumento da temperatura seja uma ameaça para o vale que se estende ao longo da sua base.
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O glaciar Planpincieux, localizado a uma altitude de 2700 metros acima de uma aldeia, encontra-se abaixo da encosta sul das Grandes Jorasses - picos de granito da montanha localizados na linha de fronteira franco-italiana.
Qualificada como "temperada", o instável glaciar está a derreter, ao contrário das chamadas geleiras polares ainda congeladas que atingem a camada rochosa. Isso significa que a Planpincieux pode deslizar mais rapidamente porque está sobre uma camada de água, o que a torna perigosa para o Vale Ferret, de acordo com especialistas.
"Enfrentamos um aumento significativo nas temperaturas, o que acelera a formação da camada de água sob o glaciar", disse, em declarações à AFPTV, Valerio Segor, diretor de gestão de riscos naturais do Vale de Aosta, localizado no noroeste da Itália.
Antes, o glaciar Planpincieux, mais espesso e menos fraturado, tinha uma posição mais estável na rocha, disse Paolo Ferret, um especialista em glaciares que vive em Courmayeur, Itália. Porém, como consequência do aumento das temperaturas causado pelas mudanças climáticas, "move-se sobre uma superfície lisa, o que o torna mais instável".
O glaciar desliza, de forma lenta mas contínua, até 1,5 metros por dia em casos extremos, disse o especialista, enquanto a Serac Whymper, glaciar polar que a domina a uma altura de quatro mil metros, desliza entre dois e 20 centímetros por dia.
Os movimentos do glaciar Planpincieux e os que se localizam acima dele são seguidos de perto por radares. As autoridades regionais elaboraram planos de emergência com base em vários cenários diferentes. O mais "extremo" prevê a queda de cerca de 800 mil metros cúbicos de gelo sobre a cidade e as suas vias de acesso, "mas não há garantia de que isso acontecerá", enfatiza Ferret.