O Governo brasileiro notificou, através da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), a empresa Delta Tankers Ltd., proprietária do navio de bandeira grega "Bouboulina", suspeito de ter derramado o petróleo que atinge praias do país, foi hoje anunciado.
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Numa conferência de imprensa em Brasília, capital brasileira, o chefe de geointeligência da Polícia Federal, Franco Perazzoni, declarou que a corporação pediu esclarecimentos à companhia Delta Tankers acerca do derrame, como quem comandava o navio, a quantidade de petróleo carregada na Venezuela e qual foi o destino final da substância.
"A empresa vai ser notificada agora. Fizemos os pedidos através da Interpol. Ela (Delta Tankers) vai tomar conhecimento da investigação toda e vai ter oportunidade de apresentar os documentos que alega ter", disse hoje Perazzoni, citado pela imprensa brasileira.
As autoridades explicaram que ainda não acusaram a empresa grega, apesar de ser a única suspeita, acrescentando que ainda irão analisar os documentos apresentados pela própria companhia e pelas autoridades marítimas.
"A Marinha abriu um inquérito administrativo que vai para o tribunal marítimo. Eles têm um poder de alcançar os responsáveis. A autoridade marítima brasileira oficiou a autoridade marítima grega", relatou o comandante operacional da Marinha do Brasil, Leonardo Puntel.
Num comunicado divulgado no seu 'site', a empresa grega argumentou não haver provas de derrame de petróleo do seu navio durante o trajeto entre a Venezuela e a Malásia, explicando que foram analisadas as suas câmaras e sensores.
Caso seja provada a responsabilidade da companhia, esta poderá responder por infrações ambientais, assim como por danos aos comerciantes da região.
"O limite máximo para uma multa é de 50 milhões reais (11,2 milhões de euros), mas pode ser aplicada mais de uma multa a depender da infração. Podem ser considerados danos da União (Estado), estados e municípios. O dano não está quantificado ainda, mas pode chegar à casa dos mil milhões de reais", declarou o presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Leonardo Bim, à imprensa.
O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, admitiu no domingo existir mão criminosa no derrame de petróleo que contaminou mais de 300 praias do nordeste do país e advertiu que "o pior ainda está para vir".
"O que chegou às praias é uma pequena parte do que foi derramado. O pior está para vir, uma catástrofe muito maior que, ao que tudo parece, foi criminosa", disse Bolsonaro, em entrevista à Record TV.
Desde 02 de setembro, cerca de quatro mil toneladas de petróleo chegaram a 314 praias dos nove estados da região nordeste do Brasil. A Polícia Federal está a investigar o navio de bandeira grega "Bouboulina".
De acordo com Jair Bolsonaro, "todos os indícios" apontam para este petroleiro grego, embora a empresa tenha negado estar na origem do derrame.
Investigações indicaram que o derrame de petróleo bruto ocorreu a cerca de 700 quilómetros da costa brasileira "entre 28 e 29 de julho".