O primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, considera que o país entrará em "caos" caso não seja "rapidamente" restabelecida a normalidade institucional no arquipélago, após a aprovação de uma moção de censura ao Governo, na quarta-feira.
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"Não se pode brincar com o futuro dos são-tomenses e é preciso que rapidamente se volte à normalidade, caso contrário o país entrará num caos, caos, caos", disse Patrice Trovoada, em declarações à Rádio Nacional de São Tomé e Príncipe.
"O poder não está na rua, o Governo não caiu, o Governo está em plena função e nós consideramos aquilo que passou na Assembleia Nacional como um ato cheio de vício e nulo", acrescentou.
"Eu espero que todas as pessoas que têm a ver com este processo sejam sensatas, tenham bom senso e que o próprio Tribunal Constitucional são-tomense esteja à altura de mandar anular este ato que, no nosso entender, viola a Constituição", sublinhou o também presidente do partido Ação Democrática Independente (ADI), referindo-se à moção de censura.
Por seu lado, o secretário-geral da ADI, Levy Nazaré, em declarações à televisão pública são-tomense (TVS), disse repetidas vezes que "o país tem que ir a eleições antecipadas", caso contrário, o partido não se responsabiliza "por aquilo que venha a acontecer".
O chefe do executivo derrubado pela moção de censura garantiu que o seu Governo "está em funções com os plenos poderes", esperando que "a classe politica, o tribunal e o Sr. Presidente da República, que é o garante do regular funcionamento das instituições, possam intervir".
"Aliás, há recurso interposto pelos deputados da maioria junto do Tribunal Administrativo e do Tribunal Constitucional porque não podemos continuar a tratar levianamente a nossa democracia e sobretudo os destinos do povo são-tomense", disse.
Patrice Trovoada considerou a eleição do novo presidente da assembleia nacional e a moção de censura que derrubou o seu Governo como "uma aberração em termos legais, políticos e em termos democráticos".
Por isso, referiu, "o Governo já contactou também instâncias internacionais, a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), a União Africana".
Falando em tom exaltado, Patrice Trovoada instou, neste sentido, o Tribunal Constitucional a anular a decisão saída do parlamento. "É um ato atentatório grave à convivência democrática e eu não sei se não podemos chamar a isso um golpe de Estado parlamentar", disse Patrice Trovoada.