A notícia da acusação da filha do rei de Espanha no âmbito do caso Nóos deixou o Governo espanhol receoso de que a imagem da monarquia e da própria Espanha se vejam afetadas. O temor foi manifestado esta quinta-feira pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Garcia Margallo, que afirmou que o facto da filha mais nova do rei Juan Carlos ter sido chamada a depor "não beneficia a marca Espanha".
Corpo do artigo
"Qualquer coisa que afete uma instituição que foi capital na Transição espanhola e que é capital para o prestígio de Espanha no exterior, causa uma enorme preocupação", acrescentou o governante. Foi a primeira reação do Executivo de Mariano Rajoy à decisão do juiz José Castro de constituir a infanta arguida por, alegadamente, ter "cooperado" com os supostos desvios de dinheiro feitos pelo marido Iñaki Urdangarín, através do Instituto Nóos.
Da parte do Partido Popular ouviram-se críticas à atuação do próprio juiz de Palma de Maiorca, acusado pelo deputado Vicente Martínez-Pujalte de "não procurar a verdade, mas sim o protagonismo". Uma observação que, por sua vez, foi reprovada pela vice-secretária geral do PSOE, que exigiu "a todas as instituições" espanholas que evitem "tomar partido" em relação à decisão do juiz. A dirigente incluiu no aviso a própria Casa Real, a quem pediu para "deixar atuar a Justiça".
No mesmo dia, o príncipe Felipe instou os juízes a desenvolver o seu trabalho com "prudência e fortaleza", durante uma cerimónia em Barcelona.
Entretanto, o departamento anti-corrupção deverá apresentar esta sexta-feira um recurso contra a acusação de Cristina de Borbón, o que poderá levar a um adiamento do depoimento da infanta, inialmente marcado para o próximo dia 27 de abril.