As autoridades policiais espanholas vão garantir o "cumprimento das leis", na reacção às manifestações no país, mas não procurarão "resolver um problema criando outros", afirmou, esta sexta-feira, o ministro do Interior espanhol, Alfredo Pérez Rubalcaba.
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Rubalcaba, que se escusou a responder directamente às perguntas dos jornalistas sobre se as manifestações - previstas para várias praças espanholas - serão dispersadas pela polícia, insistiu que as autoridades actuarão respeitando os princípios da "oportunidade, congruência e proporcionalidade".
"Vamos cumprir o mandato constitucional. Cumprir as leis. Garantir o direito do conjunto dos cidadãos. Veremos os acontecimentos e de acordo como decorram a polícia tomará as decisões", afirmou.
A polícia sabe perfeitamente o que tem a fazer. Tem grande experiência. E não vai encontrar nada que não tenha encontrado. Actuará como sempre tem actuado. A polícia, onde há um problema, para o resolver não cria outro, ou dois ou três", insistiu.
"Estas concentrações têm-se desenvolvido de forma absolutamente pacífica. É bom porque é tranquilizador. O Governo o que tem que fazer num suposto como este é dizer aos cidadãos que nada está em risco. As pessoas exercem os seus direitos no marco da lei. É um Estado que funciona bem e onde a polícia actua profissionalmente", afirmou.
O «número dois» do Governo e ministro do Interior lembrou que "a democracia é essencialmente um conjunto de regras" e que "não há democracia sem cumprimento e respeito da lei".
As autoridades têm como missão constitucional "garantir o cumprimento das leis, garantir os direitos e liberdades do conjunto dos cidadãos e garantir a segurança cidadã" no seu conjunto, afirmou.
"Isso foi o que fez a polícia e a guarda civil esta semana. Cumprir a sua tarefa constitucional. Vai continuar a fazê-lo", sublinhou.
Rubalcaba falava aos jornalistas depois da reunião semanal do Conselho de Ministros e horas depois de fontes do seu gabinete terem confirmado que não participará, como previsto, nos actos finais da campanha eleitoral desta sexta-feira.
O «número dois» do Governo - que tinha previsto participar esta sexta-feira em comícios em Málaga e Algeciras - "atenderá às suas obrigações" como ministro do Interior e «número dois» do Governo, disseram as mesmas fontes.
Hoje, sexta-feira, o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, assegurou que o Governo e o Ministério da Justiça "estão a estudar" a resolução da Junta Eleitoral Central que proíbe as manifestações no sábado e no domingo.
"O Ministério do Interior e o Governo actuarão bem, de forma inteligente. Isso é o que queremos, que se garantam todos os direitos e se respeite uma jornada de reflexão, mas não adiantemos acontecimentos", afirmou.
Na quinta-feira, a Junta Eleitoral Central (JEC) espanhola declarou ilegais todas as mobilizações no sábado, dia de reflexão, e no domingo, dia de eleições municipais e regionais em Espanha.
A medida obteve cinco votos a favor, quatro contra e uma abstenção.