O ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, denunciou hoje "atos graves" e "violências antissemitas" ocorridos no domingo em Sarcelles, uma periferia a norte de Paris, durante uma manifestação pró-palestiniana.
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"Quando se ameaça uma sinagoga, ou incendeia uma mercearia porque pertence a um judeu, está a cometer-se um ato antissemita. As coisas devem ser bem definidas", lamentou, em declarações à imprensa.
Várias lojas da localidade foram saqueadas no domingo, nomeadamente uma mercearia, já visada num atentado com granada, em setembro de 2012, por um grupo conhecido como "Cannes-Torcy", uma célula terrorista desmantelada depois do ataque.
A violência em Sarcelles, com viaturas incendiadas e mobiliário urbano destruído, seguiu-se a uma manifestação não autorizada de apoio aos palestinianos da Faixa de Gaza.
A polícia deteve para identificação 18 pessoas, das quais 11 continuavam hoje detidas.
No sábado, uma outra manifestação não autorizada em Paris ficou marcada por confrontos entre a polícia e jovens manifestantes.
"Não é a proibição da manifestação que faz a violência, é a violência que leva à proibição da manifestação", sublinhou Cazeneuve, em frente da sinagoga de Sarcelles, repetindo que "assumia a escolha" de proibir.
O ministro considerou "ser legítimo" querer expressar uma posição sobre a atual situação em Gaza, onde pelo menos 502 palestinianos morreram desde o início, a 08 de julho, da operação militar israelita "Margem Protetora".
Em contrapartida, afirmou ser "intolerável que se ataquem sinagogas ou lojas porque são de judeus. Nada pode justificar tais violências".
Cazeneuve encontrou-se com membros da comunidade judaica de Sarcelles na sinagoga. "Quando existem tensões, é necessário que sejam apaziguadas", disse.
"Uma tal manifestação de ódio e de violência nunca tinha acontecido em Sarcelles. Esta manhã, as pessoas mostravam-se estupefactas e a comunidade judaica está amedrontada", afirmou François Pupponi, presidente socialista da câmara de Sarcelles, que acompanhou a visita do ministro.
À rádio France Info, o presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas de França (CRIF), Roger Cukierman, considerou que o ministério do Interior fez "aquilo que era necessário", ao proibir as manifestações de Paris e Sarcelles, porque "os factos demonstram que há um risco de perturbação da ordem pública".
"Os factos são que os ataques contra os judeus são sistemáticos", acrescentou. "Ninguém entre estes manifestantes pensou em manifestar-se em frente à embaixada da Síria, quando a Síria matou 170 mil cidadãos sírios muçulmanos", sublinhou.