O Governo britânico minimizou esta sexta-feira as alegações de o primeiro-ministro, Boris Johnson, ter criado um risco de segurança por ter deixado o número de telemóvel disponível na internet durante 15 anos.
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"Tanto quanto sei, todos os protocolos de segurança foram seguidos", disse o ministro das Finanças, Rishi Sunak, considerando que "parte do que torna o primeiro-ministro especial é que ele é um indivíduo incrivelmente acessível".
O site Popbitch revelou que o número de telemóvel estava num comunicado de imprensa de 2006, quando Johnson era um deputado na oposição responsável pelas questões de educação do Partido Conservador.
As pessoas que ligaram para o número ouviram uma mensagem automática dizendo que o telefone estava "desligado" e pedindo que tentassem mais tarde ou enviassem uma mensagem de texto.
A ministra do Interior, Victoria Atkins, insistiu, em declarações à estação ITV, que o primeiro-ministro "sabe das suas responsabilidades quando se trata de segurança nacional" e criticou a comunicação por revelar o facto de o número estar no domínio público.
Mas o ex-conselheiro de Segurança Nacional Peter Ricketts disse que, se o número estava amplamente disponível, poderia ter sido usado para espionagem por nações hostis "e possivelmente outros atores não-estatais também, como grupos criminosos sofisticados".
Johnson tem estado sob escrutínio por causa de várias mensagens de texto trocadas com empresários, nomeadamente com James Dyson no ano passado, quando prometeu que "resolveria" problemas fiscais se Dyson produzisse ventiladores para o serviço de saúde público.
Noutro caso, terá recebido uma mensagem do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, para ajudar a desbloquear a compra do clube de futebol Newcastle United.
A imprensa britânica noticiou que o secretário-geral do gabinete e chefe dos serviços civis, Simon Case, pediu ao primeiro-ministro que mudasse o seu número devido a preocupações com o número de pessoas que conseguiam contactá-lo diretamente.
O Partido Trabalhista alega que existe um risco de "acesso privilegiado" ao chefe do Governo para pedir favores, o que Johnson nega.
Porém, a controvérsia intensifica a pressão sobre o chefe do Governo, sob investigação da Comissão Eleitoral por acusa do financiamento das obras de renovação do apartamento em Downing Street, que o ex-assessor Dominic Cummings disse que terá usado um esquema "possivelmente ilegal" com recurso a doadores privados.