Governo não muda "política externa" para levantamento de suspensão da Venezuela à TAP
O Governo português manifestou-se esta sexta-feira confiante num levantamento, por parte das autoridades venezuelanas, da suspensão das ligações aéreas da TAP para a Venezuela, garantindo esforços diplomáticos para essa medida acontecer e "o mais brevemente possível".
Corpo do artigo
"Claro que estou confiante, mas não posso dizer mais do que isto porque não posso garantir decisões que não estão na minha margem de decisão", declarou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, falando à margem da reunião dos chefes da diplomacia europeia, em Zagreb, na Croácia.
Questionado pela agência Lusa sobre as tensões entre Lisboa e Caracas relativamente à suspensão aplicada à TAP, o chefe da diplomacia portuguesa garantiu estar a "fazer tudo para que esse levantamento seja possível e o mais brevemente possível".
"Tudo menos mudar a política externa portuguesa porque essa é clara, coerente, estável e é bem conhecida", ressalvou.
O governante português destacou também não poder "dar a garantia de que a suspensão seja levantada ou de quando será levantada".
"Essa decisão não foi minha, mas sim das autoridades venezuelanas", lembrou.
11819652
De acordo com Augusto Santos Silva, em curso está "o trabalho e as diligências, do ponto de vista diplomático", nomeadamente após o seu encontro presencial com o homólogo venezuelano, Jorge Arreaza, em Genebra, na Suíça, uma semana após o regime de Nicolás Maduro ter mandado suspender as operações da TAP.
Em meados de fevereiro, o Governo venezuelano acusou a companhia aérea portuguesa de ter violado "padrões internacionais", por alegadamente ter permitido o transporte de substâncias explosivas e por ter ocultado a identidade do líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, num voo para Caracas, e decidiu suspender por 90 dias os voos da TAP para a Venezuela.
A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) publicou um relatório, no final desse mês, no qual refere que a TAP e o aeroporto de Lisboa não violaram as regras de segurança no caso do voo para a Venezuela.
Segundo o Governo venezuelano presidido por Nicolas Maduro, o tio de Guaidó, Juan Marquez, que acompanhava o sobrinho nesse voo, transportou "lanternas de bolso táticas" que escondiam "substâncias químicas explosivas no compartimento da bateria".
11837230
Assim, as autoridades venezuelanas consideram que a TAP, nesse voo entre Lisboa e Caracas, violou normas de segurança internacionais, permitindo explosivos, e também ocultou a identidade do autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, na lista de passageiros, embora a segurança aeroportuária não seja da responsabilidade das companhias transportadoras.
O presidente da TAP, Antonoaldo Neves, estima que a suspensão das ligações aéreas entre Portugal e a Venezuela tenha um impacto negativo de cerca de 10 milhões de euros para a transportadora portuguesa.