Imagens dos graffitis foram inicialmente difundidas por elementos da rede de propaganda pró-Rússia Doppelgänger. Serviços de inteligência franceses acreditam que o ato foi encomendado pelo empresário moldavo Anatolii Prizenko.
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Nos últimos dias, cerca de 250 graffitis com a estrela de David – pintada a azul, tal como na bandeira de Israel – apareceram em vários edifícios de Paris e nos subúrbios da capital. Apesar de inicialmente alguns políticos terem alegado um ataque antissemita, as autoridades francesas suspeitam que esta operação possa ser uma manobra de desinformação russa.
De acordo com um comunicado do Ministério Público francês, divulgado na terça-feira, os graffitis foram feitos em outubro por dois casais que receberiam ordens da mesma pessoa. “Nesta fase não está excluído que [o graffiti] tenha sido realizado sob ordens expressas de uma pessoa que vive no estrangeiro”, pode ler-se no texto.
Um dos casais abandonou o país antes de ser detido, o outro está preso e a aguardar deportação. Os detidos, de nacionalidade moldava, estavam de férias em Paris quando um homem, que os ouviu a falar russo, os abordou e lhes ofereceu dinheiro em troca da pintura do símbolo judaico nas fachadas de prédios. Além disso, ambos os casais eram acompanhados por um fotógrafo, por identificar, cuja função era colocar as imagens imediatamente online.
Meios de comunicação franceses, que tiveram acesso à investigação, apontam a responsabilidade ao empresário moldavo pró-Rússia Anatolii Prizenko, enquanto o jornal “Le Monde” relaciona a operação com a antiga rede de propaganda russa conhecida como Doppelgänger que, além de ter inicialmente difundido as imagens na rede social X (antigo Twitter) e no Facebook, tem um modo de recrutamento similar ao descrito pelo casal detido.
Alegadamente, o objetivo da operação terá sido semear discórdia no Ocidente: como o símbolo poderia ser encarado como pró ou anti-Israel, ambas as partes ficariam relutantes.