O primeiro-ministro da Grécia determinou uma investigação às acusações de que as autoridades deportaram ilegalmente um grupo de migrantes que chegou a uma ilha do leste do Mar Egeu e foi deixado numa jangada para as autoridades turcas recolherem.
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Kyriakos Mitsotakis, que será substituído na quinta-feira pelo primeiro-ministro interino Ioannis Sarmas, antes das eleições de 25 de junho, negou veementemente que a Grécia tenha uma política oficial de devolução de migrantes recém-chegados para a Turquia, processo designado como "pushback".
Em entrevista à estação CNN, na terça-feira, Mitsotakis referiu que leva "muito a sério" o alegado incidente relatado pelo "New York Times".
"Já está a ser investigado [pelo] meu governo. Fiz inúmeras vezes a distinção entre o 'pushback', que é uma prática completamente inaceitável, e a nossa obrigação, que é intercetar [migrantes] na nossa fronteira marítima com a Turquia e depois pedir para a guarda costeira turca vir buscar essas pessoas", sublinhou.
A Grécia é um importante ponto de entrada para migrantes em busca de uma vida melhor na União Europeia, sendo que a maioria entra ilegalmente desde a Turquia em barcos impróprios fornecidos por grupos de contrabandistas.
O Governo de Mitsotakis reforçou as patrulhas, reduzindo significativamente as chegadas, mas foi repetidamente acusado por grupos de direitos humanos - e autoridades turcas - de "pushbacks". Atenas nega firmemente essas afirmações.
Esta terça-feira, Mitsotakis acusou a guarda costeira turca de "avançar", alegando que estes "empurram agressivamente pessoas desesperadas em barcos precários... para o mar e para fora das suas águas territoriais".
A reportagem da CNN foi baseada num vídeo fornecido por um ativista e divulgado dois dias antes das eleições legislativas, conquistadas no domingo pelo partido conservador Nova Democracia, liderado por Kyriakos Mitsotakis, que terá, no entanto, de procurar uma nova eleição dentro de um mês para tentar obter uma maioria absoluta, depois de a vitória ter sido insuficiente para formar um governo sozinho.
Ylva Johansson, a comissária de Assuntos Internos da UE, divulgou na terça-feira que a UE pediu formalmente a Atenas que investigue o incidente de forma "completa e independente".
"É necessário que as autoridades gregas façam um acompanhamento adequado", sublinhou, acrescentando que o poder executivo da UE "está pronto para tomar medidas formais, conforme apropriado".