As autoridades montaram uma caça ao homem sem precedentes para capturar Mohamed Amra, o prisioneiro que escapou durante um ataque à carrinha em que seguia, na terça-feira. Na emboscada, que aconteceu numa portagem, no noroeste de França, dois guardas prisionais foram abatidos a tiro e outros três ficaram feridos.
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Gérald Darmanin, ministro francês do Interior, disse à Imprensa que foram mobilizados mais de 450 polícias para capturar o fugitivo e os atacantes. “Estamos a usar todos os meios para encontrar estes criminosos”, referiu, acrescentando que está a ser feita uma busca "sem precedentes" para responder a um ato que classificou como uma “barbaridade a sangue frio”.
Conhecido pela alcunha “A Mosca”, Mohamed Amra, de 30 anos, seguia numa carrinha celular em direção a uma prisão de alta segurança em Evreux, depois de ter ido a uma audiência em tribunal, em Rouen. Quando a carrinha passava numa portagem, na região de Eure, foi barrada por um carro, que lhe bateu de frente, do qual saíram quatro homens que desataram a disparar.
Esses momentos foram captados por um sistema de videovigilância e foram postos a circular na Internet.
O jornal inglês “The Independent” cita o ministro francês da Justiça, Éric Dupond-Moretti, que disse, nesta quarta-feira, que os dois guardas prisionais foram “abatidos como cães por homens para quem a vida não não tem qualquer valor”. Amra, que é conhecido das autoridades como o patrão de uma rede de tráfico de droga, escapou num dos carros que os atacantes levavam, tendo esses veículos sido encontrados, pouco depois, incendiados.
Os guardas abatidos são Fabrice Moello, de 52 anos, pai de dois filhos, e Arnaud Garcia, de 35 anos, cuja mulher está grávida de cinco meses. Três outros ficaram gravemente feridos.
Na manhã desta quarta-feira, houve manifestações um pouco por todo o país. Nuns casos, os guardas prisionais bloquearam entradas das cadeias, enquanto outros queimaram pneus. Às 11 locais, previam guardar um minuto de silêncio em memória dos colegas que foram assassinados por volta dessa hora, na terça-feira.
“Nós não somos pagos para morrer”, lia-se numa faixa exibida numa concentração de cerca de uma centena de guardas, numa prisão perto de Marselha.
Enquanto se agudizava o tom dos protestos, o presidente Emmanuel Macron garantia que tudo estava a ser feito para se encontrar os autores do ataque.
Um polícia reformado que vive perto do local contou que ouviu uma série muito intensa de disparos. “Ouvi uma primeira série de cerca de 30 tiros, disparados de armas automáticas. Uma série muito intensa de disparos. Depois, nada mais. A calma durou um minuto, talvez dois. Depois, ouvi um estrondo que parecia o som de uma granada, seguido de dois disparos finais”, disse a testemunha, também citada por aquele jornal.
As autoridades francesas acreditam que Mohamed Amra, que soma já 13 condenações, tem ligações a um gangue de Marselha. Recentemente, foi condenado a 18 meses de cadeia por uma série de roubos em Evreux, sobretudo em supermercados e em empresas, que terão ocorrido entre agosto e outubro de 2019. Esteve detido em Marselha, Paris e Rouen durante o processo em tribunal.
Fontes policiais afirmam que Amra é um traficante internacional e também estará relacionado com um caso de rapto e homicídio em Marselha.
O advogado de Mohamed Amra, Hugues Vigier, confessou-se chocado com a violência indesculpável e insana do seu cliente. “Isto não corresponde à impressão que eu tinha dele”, disse ao canal francês BFMTV, citado pela BBC.
O assistente do advogado tinha estado com “A Mosca” na manhã de terça-feira, horas antes do ataque, e ele pareceu-lhe “perfeitamente normal”. O advogado acrescentou que Amra “sabia da transferência e é provável que tenha contado a outras pessoas”.
Não terá sido o caso da mãe, que desconhecia que tinha escapado. “Ele não fala comigo. É meu filho, não fala comigo sobre nada, absolutamente”, disse a mãe, segundo a BBC.
Relatos publicados em vários jornais dão conta que Amra terá tentado serrar as grades da sua cela, no fim de semana, o que levou à sua transferência para uma outra prisão, debaixo de vigilância especial. Resta saber como foi que o comboio de veículos policiais foi emboscado depois de uma audiência em tribunal, quando “A Mosca” seguia para uma cadeia de alta segurança.