As eleições gerais deste domingo na Guiné-Bissau vão contar com o maior número de sempre de eleitores recenseados, quase 800 mil, de acordo com dados da Comissão Nacional de Eleições guineense.
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Também não há memória de haver tantos observadores internacionais a vigiarem uma votação no país: são cerca de 400 e refletem a pressão externa para que não se repitam incidentes, como o golpe de Estado de há dois anos, entre a primeira e a segunda volta das presidenciais.
"O problema deste país não reside na organização ou preparação das eleições, mas antes na aceitação dos resultados", alertou na quinta-feira Kabiné Komara, dirigente da missão de observação eleitoral da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
A organização suportou o período de transição negociado com os militares depois do golpe e tem agora a maior comitiva estrangeira no país, com 220 observadores, ao lado de missões da União Africana, União Europeia, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Timor-Leste e até da Nova Zelândia, entre outras representações.
As 2.983 mesas de voto (28 na diáspora) vão estar abertas das 7 às 17 horas locais (mais uma hora em Portugal continental) e cada eleitor vai poder preencher dois boletins de voto com 13 candidatos presidenciais e 15 partidos a concorrer à Assembleia Nacional Popular.
Este ano, cada eleitor tem um novo cartão que inclui fotografia e outros dados, produzido com meios informáticos que circularam pelo país durante o recenseamento apoiado por Timor-Leste, realizado entre dezembro e fevereiro.
Apesar da nova tecnologia, com registo de eleitores numa base de dados central, nenhum eleitor deixa a respetiva mesa de voto sem mergulhar o dedo indicador direito na tinta indelével, marca de que já exerceu o seu direito.
As fronteiras vão estar fechadas e a circulação rodoviária condicionada, com a segurança garantida por 4.223 membros das autoridades da Guiné-Bissau e missões internacionais estacionadas no país.
"A nossa missão é a de assegurar a segurança até à proclamação dos resultados", anunciou Samuel Fernandes, tenente-coronel da Guarda Nacional guineense e vice-comandante do contingente misto.
Nas últimas semanas sucederam-se comunicados e declarações com apelos às autoridades e população da Guiné-Bissau para que a votação e o período pós-eleitoral sejam serenos.
No sábado, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, fez um último apelo antes da abertura das urnas e numa nota à comunicação social pediu "à população e instituições da Guiné-Bissau que conduzam uma votação pacífica e credível".