O movimento islamita Hamas anunciou esta segunda-feira ter aceitado uma proposta de cessar-fogo, mediado pelo Egito e pelo Catar, para suspender a guerra de sete meses com Israel na Faixa de Gaza.
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O Hamas aceitou uma proposta no processo mediado pelo Egito e pelo Catar com vista ao cessar-fogo na guerra com Israel na Faixa de Gaza, que dura há precisamente sete meses. O movimento islamita emitiu um comunicado, divulgado ao final da tarde, dizendo que o líder, Ismail Haniyeh, havia anunciado a decisão, por telefone, aos governos daqueles países. Ao que tudo indica, Israel não aceitou o acordo.
A notícia foi divulgada depois de vários ataques aéreos a Rafah, no Sul de Gaza. As forças de Defesa israelitas informaram ter bombardeado mais de 50 alvos do grupo islamita na região.
Sobre o cessar-fogo, fonte de Telavive citada pela Reuters referiu que o Hamas aceitou uma versão “suave” de uma proposta egípcia que Israel não aprova. O responsável acrescentou que se trata de um “ardil” para dar a entender que Israel está a recusar o cessar-fogo. Disse ainda que o acordo foi feito unilateralmente pelo Egito.
A proposta aceite pelo Hamas inclui uma trégua em três fases e a libertação dos reféns na Faixa de Gaza. Citadas pela agência Efe a coberto do anonimato, fontes próximas das partes indicaram que na primeira fase será aplicada uma suspensão das hostilidades por 40 dias, bem como a retirada das forças israelitas para o Leste da Faixa de Gaza e para longe das áreas densamente povoadas. Em Rafah, a notícia foi celebrada de forma efusiva.
Ofensiva terrestre
Hoje, as tropas israelitas tinham dado ordem de evacuação em diversos bairros onde cerca de 250 mil pessoas encontraram refúgio, na sequência da anunciada ofensiva terrestre. Segundo o Crescente Vermelho Palestiniano, a ordem de evacuação fez aumentar o pânico entre os refugiados, que se deslocaram em massa.
“O número de pessoas a deslocar-se de áreas do oriente para o ocidente da cidade de Rafah é significativo. Especialmente desde a intensificação dos bombardeamentos, milhares de pessoas estão a abandonar as suas casas”, informou o porta-voz daquele organismo, Ossama al-Kahlut.
EUA e Europa
Um pouco por todo o Mundo chegaram reações contra a possível nova investida israelita. Joe Biden, presidente norte-americano, lembrou a Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, a “posição clara” dos EUA contra uma ofensiva terrestre na zona.
Já o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, classificou como inaceitável a ordem de Israel para a deslocação de civis em Rafah, considerando que isso só vai significar “mais guerra e fome”. O responsável publicou uma mensagem na rede X, depois de Telavive ter ordenado aos civis para se deslocarem para “zonas humanitárias”.
Ultimato “desumano”
Por sua vez, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, classificou o ultimato das autoridades israelitas sobre a cidade como “desumano” e advertiu que a deslocação forçada de civis constitui um crime de guerra. “Isto é desumano. É contrário aos princípios básicos das leis internacionais humanitárias e dos direitos humanos, que têm como preocupação primordial a proteção efetiva dos civis”, afirmou, em comunicado.
A saber
Mais de um milhão de refugiados
A cidade de Rafah serve de refúgio a cerca de 1,4 milhões de palestinianos que fugiram de outras zonas do enclave quando começou a ofensiva israelita, em outubro de 2023. O ataque do Hamas a Israel, no dia 7 daquele mês, fez 1140 mortos. Ainda há reféns nas mãos do Hamas.
Riscos “catastróficos”
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF, alertou para os “riscos catastróficos” que enfrentam cerca de 600 mil crianças em Rafah, diante dos ataques planeados pelos israelitas à cidade.
Últimos batalhões
Apesar da condenação internacional, Benjamin Netanyahu insiste na ofensiva terrestre, com o argumento de que é preciso “destruir os últimos quatro batalhões” do Hamas no território.