Hoje foram libertados os últimos 20 reféns israelitas ainda vivos e as redes sociais encheram-se de acusações ao Hamas por ter morto todas as mulheres reféns. Essa alegação é falsa, porque as mulheres foram as primeiras a ser libertadas.
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Alegação: "O Hamas matou todas as reféns mulheres"
Nas últimas horas foram libertados os últimos 20 reféns israelitas ainda vivos em Gaza, todos homens, e as redes sociais encheram-se de mensagens de indignação por não terem sido libertadas mulheres porque o grupo islamita palestiniano Hamas teria assassinado as reféns que integravam as 251 pessoas raptadas no ataque de 7 de outubro de 2023.
Estas acusações circulam em vários países, incluindo em Portugal e no Brasil, quer com a reprodução de contas internacionais que habitualmente disseminam desinformação, como com a partilha de mensagens como "o Hamas matou todas as reféns mulheres!", "Nenhum dos reféns devolvidos pelo Hamas é mulher, todas morreram" ou "porque não houve reféns femininas a sobreviver ao cativeiro?".
No female hostage is still alive. Think about that for a moment. pic.twitter.com/AY4BSUwOnH
- Dr. Maalouf (@realMaalouf) October 13, 2025
Among Israeli hostages released today there are no women alive. pic.twitter.com/3e76OYN0Qk
- RadioGenoa (@RadioGenoa) October 13, 2025
Factos: Dezenas de mulheres israelitas, incluindo militares, foram libertadas em várias trocas de reféns por prisioneiros palestinianos
A consulta à última versão disponível na página da associação de familiares de reféns israelitas revela que entre os últimos 26 nomes ali identificados apenas um é o de uma mulher, Inbar Hayman, de 27 anos. Antes da troca de reféns por prisioneiros palestinianos que está a decorrer esta segunda feira, 13 de outubro, apenas 48 reféns israelitas estariam ainda em Gaza, 28 deles já falecidos, segundo informações do Hamas e das autoridades israelitas.
Nesse grupo apenas há registo de uma mulher, Inbar Hayman, que foi raptada do Festival Nova e mais tarde alegadamente assassinada em Gaza, como têm revelado medias israelitas e internacionais, como a BBC, a CNN e o "The Times of Isreal".
As reféns femininas foram sendo libertadas desde as primeiras negociações de cessar-fogo, ainda em 2023, poucas semanas após o ataque de 7 de Outubro, nomeadamente em várias libertações ocorridas no final de Novembro, sobretudo de mulheres, crianças e reféns com problemas de saúde que foram trocados por prisioneiros palestinianos.
Já este ano, noutro cessar fogo entre o Hamas e Israel, foram libertadas várias reféns, incluindo mulheres-soldado das Forças de Defesa de Israel (FDI). Há também registo de pelo menos um resgate de uma refém por parte das FDI, nomeadamente da jovem Noa Argamani e alguns casos de reféns femininas que terão morrido durante o cativeiro alegadamente em consequência de bombardeamentos israelitas ou por acção dos captores.
No âmbito do atual acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas está também acordado a devolução dos corpos dos 28 reféns mortos ainda no ataque de 7 de outubro ou já em Gaza, embora alguns deles estejam dados como desaparecidos.
Avaliação Lusa Verifica: Falso
É falso que o Hamas ou outros grupos palestinianos tenham assassinado todas as reféns israelitas raptadas no ataque de 7 de Outubro de 2023 contra Israel. Desde novembro desse ano foram libertados dezenas de reféns e as mulheres estiveram entre os primeiros grupos a sair do cativeiro em Gaza.