Duas explosões de carros armadilhados atingiram, esta quarta-feira, o hotel Dayah em Mogadíscio, capital da Somália. Pelo menos 15 pessoas morreram.
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Pelo menos 15 pessoas morreram e mais de duas dezenas ficaram feridas num assalto com armas ligeiras e dois carros-bomba realizado por um comando do grupo jiadista Al Shabaab no centro de Mogadíscio. O ataque, que visou o hotel Dayah, é o mais recente de uma série de atentados à bomba na capital somali.
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O assalto começou com o rebentamento de um carro bomb, abrindo caminho a um grupo de terroristas que acederam ao interior do hotel disparando indiscriminadamente.
Em seguida, um segundo carro-bomba explodiu nas imediações do hotel, causando muitos mortos e feridos, incluindo vários jornalistas que entretanto tinham acedido ao local.
Fontes da polícia garantiram à agência de notícias espanhola Efe que o assalto foi já anulado pelas forças de segurança e que o balanço provisório de vítimas mortais ascende de momento a 15, ainda que possa aumentar devido ao grande número de feridos que deram entrada no hospital.
Um ministro do Governo somali que no momento se encontrava dentro do hotel - junto ao Parlamento somali e muito frequentado por políticos e pelos meios empresariais - disse à Efe que na altura do ataque decorria uma reunião entre grande número de deputados, no âmbito do processo eleitoral que decorre no país.
A missão das Nações Unidas na Somália (UNSOM) condenou "energicamente" o atentado através da sua conta na rede social Twitter, onde sublinhou que "os extremistas violentos nunca triunfarão na Somália".
O grupo Al Shabab, braço da al Qaeda na Somália, reivindicou mais este ataque em Mogadíscio, onde nos últimos meses foram perpetrados numerosos atentados, frequentemente em hotéis e restaurantes frequentados por políticos, provocando a morte de dezenas de civis.
O ataque ocorre numa altura em que o país se prepara para escolher um novo governo. A Somália não é governada por um governo central e efetivo desde a destituição do regime militar do presidente Siad Barre em 1991, que deu origem a décadas de anarquia e conflitos num país fortemente dividido por vários clãs.
As rivalidades clânicas e a ausência de imposição da lei constituem terreno fértil para o Al Shabaab, que tem vindo paulatinamente a tomar o controlo do território, frustrando os esforços de imposição de uma administração central eficiente.
Depois de uma série de governos de transição constituídos no estrangeiro, foi possível formar um Parlamento na Somália em 2012 escolhido por 135 clãs, que nomearam os seus representantes.
Esteve prevista uma primeira eleição legislativa por voto universal - uma pessoa, um voto - em 2016, mas os combates e insegurança interna resultaram numa eleição "limitada", em que 14 mil delegados escolhidos votaram para a formação de um parlamento com 275 assentos distribuídos de acordo com os pesos relativos dos vários clãs.
Outros 72 assentos para câmara alta do Parlamento somali foram distribuídos de acordo com as regiões.
Os deputados recentemente eleitos deverão agora escolher um novo presidente, mas este ato tem sido sistematicamente adiado.
A eleição de 2016 tem sido vista como um primeiro passo no sentido um sufrágio universal, agora previsto para 2020.