Assassinato "político" de Charlie Kirk desencadeia novo ciclo de ameaças. Viúva do conservador de extrema-direita promete honrar legado e deixa promessa de que a organização Turning Point USA, vai ser a "maior que o país já viu".
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A morte de Charlie Kirk tem sido analisada por politólogos norte-americanos como a primeira pedra de uma nova era, em que a violência política é uma ameaça constante, que pode surgir de qualquer espectro ideológico. "Estamos a atravessar aquilo a que chamo de uma era de populismo violento", afirmou Robert Pape, que lidera o Projeto sobre Segurança e Ameaças, na Universidade de Chicago. "É uma era em que historicamente podem acontecer mais assassinatos, tentativas de homicídio e protestos violentos, e isso está a ocorrer tanto na Direita, quanto na Esquerda", disse, citado pelo jornal norte-americano "The Washington Post".
À análise não é estranha a estatística: dos 45 presidentes dos EUA, quatro foram assassinados (Abraham Lincoln; James A. Garfield; William McKinley e John F. Kennedy) e um quinto, Ronald Reagan, escapou a uma tentativa de homicídio, em 1981. Mais recentemente, Donald Trump foi atingido a tiro numa orelha, quando era ainda candidato presidencial. "A nossa nação está destruída", sintetizou nos primeiros instantes depois da morte de Charlie Kirk o governador do estado do Utah, Spencer Cox.
A espiral que intensifica a ameaça de mais casos de violência política resulta do facto de grande parte dos americanos estar descontente e considerar que o sistema não resulta, aponta o mesmo jornal. Numa sondagem da Bright Line Watch, que reúne cientistas políticos, apurou-se que a percentagem de pessoas que aceitava atos violentos contra opositores políticos aumentava de 2% para 10% quando se falava de líderes que promulgavam políticas consideradas "prejudiciais ou exploradoras".
Viúva promete resposta
Sem falar diretamente sobre Tyler Robinson, o suspeito de matar o ativista ultraliberal, a viúva de Kirk deixou, no primeiro discurso após a morte, a garantia de que vai honrar o legado do marido e um aviso: "Não fazem ideia do que fizeram. Se pensavam que a missão do meu marido era poderosa antes, não fazem ideia do que acabaram de desencadear em todo o país e neste mundo". Erika Kirk prometeu ainda fazer da organização liderada por Kirk, a Turning Point USA, a "maior que o país já viu".
Trabalhadores despedidos
O "assassinato político" como está a ser descrito - no cartucho e nas balas usadas pelo suspeito, um jovem de 22 anos, constavam as mensagens "Ei, fascista! Toma lá", e a música de resistência italiana "O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao" - está ainda a ter outras consequências. Por causa de mensagens deixadas nas redes sociais sobre o caso, empresas privadas e organismos públicos despediram funcionários, que referem uma clara violação da liberdade de expressão. Entre esses organismos está a Universidade do Mississippi. Os advogados da área laboral falam num aumento de casos de despedimentos, facto que espelha a divisão na América.