
Foto: Yahya Arhab / EPA
Os rebeldes huthis enterraram, esta segunda-feira, o primeiro-ministro do Iémen, Ahmed al-Rahawi, e outros nove ministros do seu Governo, mortos na passada quinta-feira num ataque israelita durante uma reunião do executivo em Sana.
Os huthis, que normalmente não divulgam informações sobre as suas perdas, publicaram hoje uma lista com os nomes dos membros do Governo mortos no ataque israelita.
A lista inclui Al-Rahawi e nove dos seus ministros, bem como o seu chefe de gabinete e o secretário do governo.
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A agência France-Presse (AFP) descreve que doze caixões, envoltos em bandeiras iemenitas, foram depositados na Mesquita Al-Shaab, onde se realizou uma cerimónia religiosa, seguida de um desfile militar na capital do país, controlada pelos huthis desde 2014.
Além do ministro dos Negócios Estrangeiros, Jamal Amer, a lista inclui também os ministros da Informação, Economia e Indústria, Eletricidade, Assuntos Sociais e Trabalho, Cultura e Turismo, Desporto, Justiça e Pescas.
Estes ministros faziam parte do executivo de Al-Rahawi, formado em agosto de 2024 sob o lema "Governo da Mudança e da Construção", e composto por 22 membros no total, incluindo dois vice-primeiros-ministros.
Os huthis revelaram no sábado que Al-Rahawi foi morto juntamente com várias outras figuras políticas de alto nível, após um ataque israelita que visou o local onde decorria uma reunião governamental de rotina para avaliar as atividades no último ano.
No dia seguinte, as forças armadas israelitas confirmaram o ataque e que o primeiro-ministro foi morto "juntamente com outros altos oficiais huthis".
O Governo de Al-Rahawi geria áreas controladas pelos huthis desde que o grupo xiita apoiado pelo Irão se insurgiu contra as autoridades internacionalmente reconhecidas em 2014 e controlava grandes áreas do norte, centro e oeste do país.
Após o ataque, o chefe do Supremo Conselho Político Huthi, Mahdi al-Mashat, avisou Israel que "a vingança nunca dorme" e ameaçou com "dias sombrios", enquanto o principal líder rebelde iemenita, Abdelmalek al-Houthi, se referiu a uma "escalada constante" de violência que se avizinha para o Estado hebreu.
Já hoje, os rebeldes iemenitas reivindicaram o lançamento de um míssil contra um petroleiro ao largo da costa da Arábia Saudita, no Mar Vermelho.
Um porta-voz dos huthis, Yahya Saree, assumiu a responsabilidade pelo lançamento numa mensagem pré-gravada transmitida pela Al-Masirah, um canal de notícias por satélite controlado pelo movimento, alegando que a embarcação, "Scarlet Ray", tinha ligações a Israel.
Al-Mashat nomeou entretanto o vice-primeiro-ministro Muhammad Meftah como chefe do Governo, enquanto os huthis se reorganizam depois do ataque mortal israelita.
Segundo uma fonte do movimento, citada pela agência noticiosa espanhola EFE e que pediu para não ser identificada, Meftah sobreviveu ao ataque aéreo embora tenha sido ferido junto do local onde decorria a reunião alvo do bombardeamento israelita.
A fonte revelou ainda à EFE que quatro ministros se encontravam em estado crítico e a receber tratamento em unidades de cuidados intensivos dos hospitais de Sana.
Esta lista inclui Mohamed al-Madani, um dos três vice-primeiros-ministros do Governo de Al-Rahawi, e Mohamed Quhaim, ministro dos Transportes e Obras Públicas.
"Não há preocupação com o funcionamento do aparelho governamental. O sangue dos mártires dá-nos a motivação e a determinação necessárias", declarou hoje o novo primeiro-ministro interino à multidão reunida na mesquita para as cerimónias fúnebres.
Os huthis iniciaram ataques contra a navegação comercial ao largo do Iémen em novembro de 2023, em alegada solidariedade com o grupo islamita palestiniano Hamas na guerra na Faixa de Gaza, ao mesmo tempo que lançaram dezenas de bombardeamentos diretos contra território israelita.
As ações dos huthis no Mar Vermelho e no Golfo de Aden, uma região vital para o comércio global, levaram à resposta militar de Israel e ao início de campanhas de bombardeamento no Iémen por parte dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Os huthis integram o chamado "eixo de resistência" liderado pelo Irão contra Israel, de que fazem parte outros grupos radicais da região, como o libanês Hezbollah e os palestinianos Hamas e Jihad Islâmica.
