Várias imagens de satélite mostram a construção rápida e repentina de sepulturas num cemitério da cidade iraniana de Qom, a 130 quilómetros da capital. O Irão é atualmente um dos países mais afetados pela infeção do Covid-19.
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A denúncia é feita através do jornal norte-americano "The Washington Post", que mostra várias imagens de satélite de um cemitério em Qom, onde surgiram os primeiros casos de infeção pelo coronavírus no Irão. Este cemitério, um dos maiores da cidade iraniana, está localizado no complexo Behesht-e Masoumeh. Os registos disponibilizados ao jornal pela Maxar Technologies, empresa de tecnologia espacial do Colorado, nos Estados Unidos, mostram uma parte do cemitério (não utilizada anteriormente) onde terão sido construídas várias sepulturas à pressa. Alegadamente servem para acomodar o crescente número de vítimas mortais do Covid-19.
Também segundo o "The Washington Post", a escavação dos túmulos terá começado a 21 de fevereiro, sendo que as imagens de satélite mostram o antes e o depois do cemitério, coincidindo a construção em massa de sepulturas com a evolução da doença Covid-19 no Irão. No total, os dois grandes lotes de túmulos construídos nos últimos meses poderão ter uma dimensão semelhante a um campo de futebol.
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De acordo com o Ministério da Saúde do Irão, o número oficial de mortes por infeção do coronavírus superam as 400 e mais de dez mil pessoas estarão infetadas. Porém, na cidade de Qom (onde começou o surto e está localizado o cemitério), o governo iraniano não divulgou os números das vítimas mortais e dos doentes. A juntar às imagens da empresa espacial norte-americana surgem também vários vídeos divulgados nas redes sociais, de fonte anónima mas verificados pelo jornal, que alegadamente mostram vários corpos à espera de ser enterrados.
Um dos analistas da Maxar Technologies adianta que numa das imagens do cemitério de Qom vê-se as autoridades iranianas a usar um material utilizado regularmente em valas comuns para atenuar o odor da deterioração dos cadáveres.
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Esta quinta-feira, o Irão exigiu aos Estados Unidos que levantassem imediatamente as sanções impostas a Teerão, para que o país pudesse combater com mais êxito o surto do coronavírus. "Enquanto o vírus faz danos nas nossas cidades e pessoas, a nossa população (...) sofre a mais severa e indiscriminada campanha de terrorismo económico da História", afirmou Javad Zarif, ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, numa carta enviada a António Guterres, secretário-geral da ONU.
A tensão entre os Estados Unidos e o Irão piorou desde 2018 e sob o comando de Donald Trump na presidência norte-americana. A relação degradou-se ainda mais no ínicio deste ano quando o presidente dos EUA ordenou um ataque contra o general Qassem Soleimani, uma das altas figuras do Estado iraniano, e da qual resultou a sua morte. Os ataques e os contra-ataques entre os dois países resultaram no anúncio de mais sanções económicas sob Teerão.