Um imigrante sem documentação está em risco de ser deportado após ter sido detido quando foi entregar piza a uma base do exército, em Nova Iorque, EUA.
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Pablo Villavivencio foi preso na última sexta-feira na base militar Fort Hamilton em Brooklyn, Nova Iorque, e foi entregue às autoridades federais de imigração, de acordo com a BBC.
O homem consentiu a uma verificação de antecedentes depois de não conseguir apresentar um documento de identidade oficial, disseram as autoridades num comunicado.
Pablo é casado com Sandra Chica, uma cidadã americana, com quem tem duas filhas. A mulher disse que Pablo vive nos EUA há 10 anos e que aguarda resposta ao pedido de residência.
"Não há palavras que possam definir o drama que eu e as minhas filhas estamos a viver", disse Sandra em conferência de imprensa na quarta-feira. "De um momento para o outro, a vida mudou e tudo o que peço agora é que não deportem o meu marido e que lhe deem uma oportunidade."
Segundo Cathy Santo Pietro, porta-voz da base militar, Pablo chegou a Fort Hamilton "para fazer uma entrega sem uma identificação válida do Departamento da Defesa". Após fazer a verificação de antecedentes, "foi detetado um mandado ativo da Imigração e Alfândega dos EUA em arquivo" e ele foi preso.
A agência do governo responsável pela imigração confirmou, em comunicado, que Pablo Villavicencio está sob custódia daquele departamento. Um porta-voz da agência justificou a detenção com o facto de que Pablo não ter cumprido uma ordem de deportação em 2010 e, por essa razão, era considerado um fugitivo.
As críticas à detenção de Pablo não tardaram. "É inimaginável que uma pessoa possa ir entregar uma piza e acabar na prisão", comentou Eric Adams, autarca de Brooklyn.
Justin Brannan, membro do conselho da cidade, também pediu a liberdade do imigrante numa conferência de imprensa. "A nossa cidade, o estado e a nação são mais seguros hoje porque tiraram um homem das pizas das ruas?", questionou.
Steven Choi, diretor executivo da Aliança de Imigração de Nova Iorque, condenou a decisão dos militares. "Os cidadãos de Nova Iorque imigrantes como Pablo Villavicencio trabalham muito e fazem sacrifícios. Não devem ser arrancados das suas comunidades e dos seus filhos chorosos por perseguir o, cada vez mais fraco, sonho americano", disse.
Nova Iorque é uma das 400 jurisdições dos EUA conhecidas como "cidades-santuário", que têm políticas em vigor para proteger os imigrantes indocumentados. O termo "cidade-santuário", no entanto, não protege os moradores das prisões da Imigração e Alfândega dos EUA.
Sandra Chica criou uma página destinada a angariar fundos para a família. Até ao momento, já recebeu mais de 15 mil dólares (equivalente a 12757 euros) em apenas três dias.