Índia ordena inspeção de interruptores de alimentação de combustível de aviões da Boeing
A Índia ordenou a inspeção dos interruptores de fornecimento de combustível instalados em aviões da Boeing registados no seu território, depois de o dispositivo ter sido questionado pela investigação do acidente fatal com o B-787 da Air India no mês passado.
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Num relatório preliminar publicado no sábado, a Agência Indiana de Investigação de Acidentes Aéreos (AAIB) indica que o fornecimento de querosene aos dois motores da aeronave foi interrompido logo após a descolagem de Ahmedabad.
O corte dos interruptores provocou uma perda repentina de potência nos dois motores do avião, que caiu sobre edifícios próximos ao aeroporto, uma tragédia que matou 260 pessoas.
O documento da AAIB não apresenta conclusões nem atribui responsabilidades.
A gravação das conversas na cabine revelou que um dos pilotos perguntou ao outro: "Porque cortaste o fornecimento de combustível?". O segundo respondeu que não o tinha feito, segundo a AAIB.
Embora o relatório não tenha recomendado nenhuma ação imediata, a Direção-Geral de Aviação Civil (DGCA), ordenou, na noite de segunda-feira, a inspeção dos dispositivos em vários modelos da Boeing, incluindo os aviões 787 e 737.
"A DGCA destacou que vários operadores, tanto no estrangeiro quanto na Índia, já ordenaram inspeções nas suas aeronaves", explicou num comunicado.
Em 2018, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos divulgou um boletim a alertar para "a possível desativação da função de bloqueio do interruptor de controlo de combustível" em alguns aviões da Boeing, incluindo o modelo 787.
A Air India explicou aos investigadores que não fez as inspeções sugeridas porque eram "recomendadas, mas não obrigatórias".
Numa carta aos funcionários na segunda-feira, o presidente da companhia, Campbell Wilson, alertou contra "qualquer conclusão precipitada" sobre as causas da catástrofe.
Duas associações de pilotos de companhias aéreas indianas rejeitaram veementemente o relatório preliminar dos investigadores, argumentando que sugeria uma falha humana.
O Boeing 787-8 Dreamliner seguia de Ahmedabad, no oeste da Índia, para Londres quando caiu logo após a descolagem. A tragédia provocou 260 mortes, 241 pessoas que estavam a bordo e outras 19 em terra. Um passageiro sobreviveu milagrosamente.