Inteligência Artificial analisou 1500 políticas climáticas e só 63 foram eficazes
Um estudo de 1500 medidas climáticas aplicadas pelos governos em 41 países entre 1998 e 2022 mostra que apenas 63 conseguiram reduzir significativamente as emissões de gases de efeitos de estufa.
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Segundo um estudo do Potsdam Climate Impact Research Institute (PIK), que usou inteligência artificial para analisar 1500 políticas climáticas de setores que incluem energia, transportes e construção, conclui que “apenas foram identificados 63 casos de políticas climáticas bem-sucedidas, cada uma conduzindo a reduções médias de emissões de 19%”.
“Os investigadores mostram que as proibições de centrais elétricas alimentadas a carvão ou de automóveis com motor de combustão não resultam em grandes reduções de emissões quando implementadas isoladamente”, de acordo com o PIK, que liderou o estudo com o Mercator Research Institute on Global Commons. “Os casos de sucesso só surgem em conjunto com incentivos fiscais ou de preços em combinações de políticas bem concebidas, como mostrado no Reino Unido para a geração de energia a carvão ou na Noruega para os automóveis”.
As 63 medidas bem sucedidas tiveram reduções total de emissões de entre 0,6 mil milhões e 1,8 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono. Em comparação, a humanidade emitiu 57,4 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente em 2022, segundo estimativas das Nações Unidas.
Entre os sucessos identificados está a introdução pela Grã-Bretanha, em 2013, de um preço mínimo para o carbono, subsídios para as energias renováveis e um plano de eliminação progressiva do carvão.
"As nossas descobertas demonstram que mais políticas não significam necessariamente melhores resultados. Em vez disso, a combinação certa de medidas é crucial", explicou o principal autor do estudo, Nicolas Koch. "Por exemplo, os subsídios ou as regulamentações por si só são insuficientes. Só em combinação com instrumentos baseados nos preços, como os impostos sobre o carbono e a energia, podem proporcionar reduções substanciais das emissões".
Os investigadores esperam que o seu trabalho influencie os roteiros climáticos que os países estão a atualizar e que deverão apresentar à ONU até fevereiro de 2025. O objetivo passa por manter vivo o principal objetivo do Acordo de Paris de limitar o aquecimento a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.