A reconquista da mesquita de Al-Nuri em Mossul (Iraque), onde o líder do grupo extremista Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, fez a sua única aparição pública, marca o fim do Estado jiadista, afirmou esta quinta-feira o primeiro-ministro iraquiano.
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"Estamos a assistir ao fim do falso Estado do Daesh", escreveu Haider al-Abadi em inglês na rede de mensagens 'online' Twitter, utilizando o acrónimo árabe do grupo extremista Estado Islâmico.
As forças iraquianas anunciaram hoje ter assumido o controlo da zona da Grande Mesquita de Al-Nuri e do minarete de Al-Hadba, monumentos emblemáticos de Mossul, a segunda cidade do Iraque, que ficaram em ruínas após explosões realizadas pelos jiadistas no passado dia 21 de junho.
Na Síria, outro país que luta contra a incursão jiadista, as últimas informações do terreno indicaram hoje que as forças do Estado Islâmico estão completamente cercadas em Raqa, o seu principal reduto no território sírio.
Segundo divulgou hoje o Observatório sírio dos Direitos Humanos, a aliança curdo-árabe apoiada pela coligação internacional antijiadista liderada pelos Estados Unidos "assumiu o controlo de uma região a sul do rio Eufrates, cortando assim o único acesso que o EI poderia utilizar para sair de Raqa".
Este cerco foi possível após a entrada das Forças Democráticas da Síria nas localidades de Kasrat Afnan e Kassab, na margem sul do rio Eufrates, explicou, em declarações à agência noticiosa France Presse, o diretor do Observatório, Rami Abdel Rahmane.
Situados na zona da cidade velha de Mossul, no norte do Iraque, os locais da Grande Mesquita de Al-Nuri e do minarete de Al-Hadba adquiriram uma importância particular após os extremistas do EI terem assumido o controlo daquela cidade iraquiana em 2014.
Foi nesta mesquita que Abu Bakr al-Baghdadi surgiu aos seus seguidores após a tomada da cidade, pediu a obediência dos muçulmanos e declarou o califado jiadista, que abrange zonas no Iraque e na Síria.
O sermão de Abu Bakr al-Baghdadi ocorreu em julho de 2014 e foi a sua única aparição pública conhecida até hoje.
Após a conquista de Mossul, foi no topo do minarete de Al-Hadba, cuja construção remota a 1172, que os jiadistas colocaram a bandeira negra do EI.
O anúncio de hoje surge numa altura em que as forças iraquianas prosseguem com a ofensiva para tentar expulsar em definitivo os jiadistas da cidade de Mossul, considerada como o último grande reduto urbano do EI no Iraque.
O grupo extremista ainda controla um pequeno setor da cidade velha de Mossul, uma zona de ruas estreitas onde ainda vivem muitos civis. Tais condicionantes têm dificultado a progressão no terreno das forças iraquianas, com a ONU a estimar que cerca de 100 mil civis estão a ser utilizados como "escudos humanos" pelos jiadistas nesta zona da cidade velha de Mossul.
O grupo extremista Estado Islâmico perdeu em três anos 60% do território que ocupava e 80% dos rendimentos, segundo um estudo do centro de análise IHS Markit publicado hoje em Londres.
O território do "califado" proclamado em junho de 2014 em partes do Iraque e da Síria passou de cerca de 90.000 quilómetros quadrados em janeiro de 2015 para 36.200 quilómetros quadrados em junho de 2017, segundo o estudo.