Dois irmãos na Índia rural casaram com a mesma mulher, mantendo um costume antigo e gerando críticas de um grupo de defesa dos direitos das mulheres.
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A poliandria é proibida na Índia, mas é legal em algumas tribos, incluindo territórios dos Himalaias, permitindo a preservação de algumas tradições antigas.
Os noivos, Pradeep e Kapil Negi, casaram com Sunita Chauhan num casamento de três dias, testemunhado por centenas de residentes e familiares no estado de Himachal Pradesh, nos Himalaias.
Durante a cerimónia, o trio da tribo Hatti fez circular uma fogueira considerada sagrada enquanto os habitantes locais entoavam canções populares.
"Seguimos a tradição publicamente, pois estamos orgulhosos dela e foi uma decisão conjunta", disse Pradeep, de acordo com a agência de notícias "Press Trust of India".
"Estamos a garantir apoio, estabilidade e amor à nossa mulher como uma família unida", continuou o irmão Kapil.
Um dos irmãos é funcionário público e o outro trabalha no estrangeiro.
Segundo o costume, a esposa alterna entre os irmãos num horário acordado entre ambos e a família cria os filhos em conjunto. O irmão mais velho é nomeado pai legal.
A Associação de Mulheres Democráticas de Toda a Índia (AIDWA), um grupo de defesa dos direitos das mulheres, condenou o casamento. "Tais atos de exploração das mulheres vão contra os direitos fundamentais das mulheres", disse a secretária-geral da AIDWA, Mariam Dhawale, aos meios de comunicação locais.
Cerca de 300 mil membros da tribo Hatti vivem em pequenas aldeias no remoto distrito de Sirmaur, em Himachal Pradesh.
O legislador local Harshwardhan Singh Chauhan defendeu a prática, afirmando que a poliandria é uma tradição de longa data do povo Sirmaur. "Temos um direito consuetudinário para proteger a poliandria", disse aos jornalistas. Já Kundal Lal Shashtri, um líder Hatti local, justificou o costume citando o antigo épico indiano Mahabharata, no qual a personagem Draupadi casou com cinco irmãos.