O exército israelita justificou, esta terça-feira, o ataque a Ramallah, capital da Cisjordânia e sede da Autoridade Palestiniana, como uma operação para entrar numa casa de câmbio que alegadamente enviava fundos ao Hamas.
Corpo do artigo
"No âmbito da atividade das forças de segurança em Ramallah, dezenas de palestinianos lançaram pedras contra as forças na zona", refere o comunicado militar justificando que, "em resposta, as forças dispararam contra os supostos atiradores de pedras para eliminar a ameaça, e foram identificados os atingidos".
Pelo menos 58 pessoas ficaram feridas durante o ataque, incluindo uma mulher grávida, uma criança de 12 anos e um idoso de 71, indicou a organização humanitária Crescente Vermelho.
A organização informou ainda que as forças israelitas impediram inicialmente as suas ambulâncias de entrar na zona dos confrontos, em torno da praça central de Al Manara.
Ramallah está situada na zona A da Cisjordânia, sob o controlo exclusivo da Autoridade Palestiniana desde os acordos de 1990. Esta zona é o epicentro político palestiniano, onde a segurança deveria estar exclusivamente nas mãos dos palestinianos.
De acordo com a agência de notícias palestiniana Wafa, que citou fontes locais, os atiradores israelitas estavam posicionados nos telhados quando as tropas invadiram a zona central do mercado de Ramallah.
A Wafa afirmou que as tropas israelitas entraram numa casa de câmbio na cidade e dispararam munições reais e granadas de atordoamento contra os residentes.
Imagens em direto da estação de televisão do Catar "Al Jazeera" mostravam múltiplos veículos blindados israelitas nas ruas de Ramallah e soldados com espingardas em varandas.
"Grave escalada"
A Autoridade Palestiniana condenou o ataque israelita à cidade de Ramallah e qualificou esta incursão à cidade sede do seu Governo como uma "grave escalada" no conflito.
A presidência palestiniana, numa declaração divulgada pela agência noticiosa Wafa, descreveu a operação como "um ato de agressão contra o povo palestiniano e a sua terra" e apelou aos Estados Unidos para que pressionem Israel a "pôr imediatamente termo a estes crimes".
A presidência palestiniana alertou para o facto de estas operações poderem também agravar as tensões em Gaza e na Cisjordânia e afirmou que os palestinianos "não abandonarão nem desistirão das suas terras e locais sagrados".