Telavive acredita que conseguiu prejudicar as capacidades do Hamas, ao bloquear uma passagem “essencial”. Cresce a contestação a nível internacional.
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As tropas israelitas entraram com tanques em Rafah, para assim controlarem a fronteira da Faixa de Gaza com o Egito. Num vídeo em que justificou o avanço, o primeiro ministro de Israel afirmou que o anúncio de cessar-fogo feito pelo Hamas visava, precisamente, impedir esta investida. “Tal não aconteceu”, disse Benjamim Netanyahu, cada vez mais criticado pela comunidade internacional.
Segundo Netanyahu, o exército conseguiu prejudicar as capacidades do Hamas, ao negar-lhe uma passagem “essencial”, na região Sul de Gaza, onde milhares de palestinianos estão refugiados. Na mensagem, reiterou que a proposta aceite pelo grupo islamita está longe de ser satisfatória.
Benjamim Netanyahu enviou nova delegação para as negociações mediadas pelo Egito e pelo Catar. Insiste nas “condições necessárias para a libertação” dos reféns detidos desde 7 de outubro e para a segurança do país.
Operação “limitada”
Israel informou os Estados Unidos que esta operação militar seria “limitada”, em escala e duração, tendo como objetivo cortar o fornecimento de armas ao Hamas. Ainda assim, John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, reiterou que Washington continua a opor-se a uma ofensiva terrestre e a defender a reabertura deste ponto de passagem de ajuda humanitária “o mais rapidamente possível”.
Apesar de reconhecer divergências nesta questão, Joe Biden, presidente norte-americano, reafirmou ontem o seu compromisso com Telavive e condenou a “violenta onda de antissemitismo na América e no resto do Mundo”.
“Ofensiva devastadora"
“Perturbado e angustiado” foram as expressões usadas pelo secretário-geral da ONU perante a renovada atividade militar em Rafah. António Guterres exortou Telavive a pôr termo a qualquer escalada e a envolver-se construtivamente nas conversações diplomáticas, por oposição ao que seria uma “ofensiva devastadora” na cidade.
Também os governos da Jordânia e da Turquia condenaram a tomada do lado palestiniano da passagem de Rafah. Numa mensagem publicada na rede social X, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Ayman Safadi, referiu mesmo que o Conselho de Segurança da ONU deve intervir “imediata e firmemente”.
Por seu turno, o Governo egípcio classificou este avanço como uma “perigosa escalada”. Num comunicado emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado, o Egito alerta para a ameaça que paira sobre “a vida de mais de um milhão de palestinianos”.
A saber
Cisjordânia
As Forças de Defesa de Israel dizem ter abatido uma pessoa e detido outras seis durante uma operação conjunta com a Polícia de Fronteira, na cidade de Tulkarem, no Norte da Cisjordânia.
Kerem Shalom
As brigadas Ezzedine al-Qassam, braço armado do Hamas, reivindicaram o disparo de foguetes de artilharia nas imediações de Kerem Shalom, no domingo. Quatro soldados israelitas morreram e outros dez ficaram feridos, o que levou Israel a encerrar a passagem .
Acesso negado
Israel negou o acesso das Nações Unidas ao ponto de passagem de Rafah, segundo um porta-voz do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU.
Amnistia
A Amnistia Internacional defendeu que a comunidade internacional deve pressionar Israel a suspender imediatamente a ofensiva terrestre a Rafah e assegurar o livre acesso da ajuda humanitária.
Detenções
Cerca de 125 ativistas foram detidos na Universidade de Amesterdão, Países Baixos, quando a polícia dispersava um acampamento pró-Palestina. Os protestos estudantis que começaram nos campus norte-americanos se alargaram-se à Europa.
Protesto em Lisboa
O átrio da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa foi palco de um protesto de estudantes, que reclamaram o fim da guerra. “De Lisboa a Rafah, Palestina Vencerá”, era uma das frases exibidas pelos cerca de 30 alunos.