Caos deixou 46 feridos e sete desaparecidos. Considerada uma “distração” pela ONU, organização apoiada por Telavive abriu novo ponto de entrega esta quarta-feira.
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A confusão na terça-feira, durante a entrega de ajuda humanitária pela organização americana Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), apoiada por Israel, resultou em pelo menos três mortos, sete desaparecidos e 46 feridos – a maioria com balas disparadas pelos israelitas, segundo as Nações Unidas. Outras seis pessoas foram mortas esta quarta-feira. Considerada uma “distração” pela agência da ONU para os refugiados da Palestina (UNRWA), a GHF negou tais informações e anunciou a abertura de um novo local de distribuição no enclave que sofria com o bloqueio hebraico desde 2 de março.
O balanço do gabinete de Imprensa do Hamas, que governa a Faixa de Gaza, é corroborado pela ONU, com o chefe do Alto Comissariado para os Direitos Humanos na Palestina, Ajith Sunghay, a informar que a maioria dos feridos foram atingidos por arma de fogo. E, com base nos dados recolhidos, “foram disparos das Forças de Defesa de Israel [FDI]”.
Já um porta-voz da GHF disse que a informação dos islamitas era “totalmente falsa”, enquanto as FDI alegaram que dispararam “tiros de advertência no ar” e não contra a multidão com fome. Ambos acusaram, sem provas, o Hamas de impedir que os civis chegassem ao centro de distribuição de alimentos – algo que foi rejeitado pelo movimento palestiniano.
“Vimos ontem [terça-feira] as imagens chocantes de pessoas famintas a empurrar cercas, desesperadas por comida. Era caótico, indigno e inseguro”, afirmou o chefe da UNRWA. “Acredito que é um desperdício de recursos e uma distração das atrocidades”, destacou Philippe Lazzarini. “Já temos um sistema de distribuição de ajuda adequado”, acrescentou.
A coordenadora especial da ONU para o Processo de Paz no Médio Oriente, Sigrid Kaag, declarou ao Conselho de Segurança que os palestinianos em Gaza “merecem mais do que apenas sobreviver”.
Mais de 14 mil caixas
A GHF anunciou a abertura de um segundo centro em Rafah, no Sul do enclave. “Nos dois locais, foram distribuídas até ao momento aproximadamente 14 550 caixas de alimentos. Cada caixa alimenta 5,5 pessoas durante 3,5 dias, num total de 840 262 refeições”, escreveu a controversa organização, que planeia abrir quatro locais de entrega no território com mais de dois milhões de habitantes.