Israel reivindica ataque a alvos nucleares. Líder supremo do Irão promete resposta "sem piedade"
Israel e Irão entraram, esta quarta-feira, no sexto dia de bombardeamentos recíprocos. Donald Trump exige a rendição do regime iraniano, com Washington a sugerir ser fácil matar o líder supremo Ayatollah Ali Khamenei. Acompanhe aqui os desenvolvimentos mais importantes do conflito.
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O secretário da Defesa norte-americano, Pete Hegseth, revelou hoje que o Pentágono já sugeriu à Casa Branca possíveis opções de intervenção no Irão, mas não confirmou a hipótese de um auxílio militar nos ataques israelitas.
Hegseth falou perante congressistas a quem reconheceu que está a ser prestada "máxima proteção de força" às tropas norte-americanas no Médio Oriente e que é decisão do presidente Donald Trump fornecer a Israel uma bomba destruidora de "bunkers" para atingir o núcleo do programa nuclear do Irão.
Diplomatas europeus de alto nível vão realizar conversações nucleares com o Irão em Genebra, na sexta-feira, de acordo com a agência de notícias norte-americana AP que contactou um funcionário europeu "familiarizado com o assunto". O funcionário, que não estava autorizado a comentar publicamente e pediu anonimato, segundo a AP, disse que "altos funcionários" de Alemanha, França e Reino Unido, assim como "o principal diplomata" da União Europeia se reunirão na Suíça.
O presidente russo, Vladimir Putin, defendeu que os ataques israelitas a Teerão apenas "consolidam" o apoio da população iraniana à República Islâmica, e argumentou que pode ser negociada uma "solução" vantajosa para ambas as partes.
"Neste momento, vemos que no Irão (...) há, no entanto, uma consolidação da sociedade em torno dos líderes políticos do país", acrescentou Putin numa mesa redonda com editores de agências internacionais, no âmbito do Fórum Internacional de São Petersburgo. "Esta é uma questão delicada e, claro, devemos ser muito cautelosos, mas, na minha opinião, no geral, pode ser encontrada uma solução", disse o Presidente russo sobre um possível desfecho diplomático.
Ele próprio envolvido numa invasão da Ucrânia que dura há quase quatro anos, sem fim à vista, Putin disse serem necessários meios para alcançar o fim das hostilidades entre o Irão e Israel. Sustentou ainda o direito da República Islâmica a um programa nuclear civil e os interesses de segurança do Estado judaico.
Peregrinos angolanos que estavam retidos em Telavive, em consequência da escalada de tensão entre Israel e o Irão, regressaram a Luanda e disserem ter vivido uma “experiência horrível e arrasadora”, manifestando-se felizes pelo regresso.
Pelo menos 44 peregrinos angolanos, que se encontravam em procissão religiosa regressaram na tarde desta quarta-feira a Luanda, vindos da Etiópia, após permaneceram retidos por alguns dias em Telavive e fazerem um percurso de 12 horas de estrada para até Cairo, Egito.
À chegada, no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda, onde foram recebidos pelas autoridades governamentais, Maria Lima, uma das peregrinas afeta à Igreja Pentecostal Ministério de Fé e Libertação, disse ter vivo uma experiência horrível. “Foi uma experiência horrível, porque um conflito de dimensão entre o Irão e Israel com mísseis, bombas, aviões não tripulados, drones, é uma experiência arrasadora”, relatou a religiosa em declarações à Rádio Nacional de Angola.
A pastora Ernestina Matias, líder da igreja que promoveu a peregrinação a Israel, recordou que o confronto naquele país do Médio Oriente começaram na madrugada de sexta-feira e por segurança tiveram de ser alojados num ‘bunker’, dado os bombardeamentos por mísseis, na região. “Ouvimos as normas de segurança e sempre que ouvíssemos os mísseis tínhamos de ir ao ‘bunker’ e passámos mais tempo a orar para que Deus nos desse mais livramento e que o espaço aéreo abrisse. E continuámos com as nossas orações e fé”, referiu a pastora em entrevista à Televisão Pública de Angola.
Ernestina Matias fez saber ainda que, na sequência de reuniões entre as autoridades diplomáticas angolanas e israelitas, a caravana de peregrinos deixou Telavive na segunda-feira e fez uma viagem por estrada de 12 horas até à cidade do Cairo, Egito. “E chegámos ao Cairo exaustos. Mas sempre exortámos os peregrinos a orarem”, atirou.
O secretário de Estado para a Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas, Domingos Vieira Lopes, disse que era necessário garantir a segurança dos angolanos, afetos à delegação eclesiástica, “porque fizeram por estrada um percurso não previsto”. Vieira Lopes enalteceu ainda o trabalho desenvolvido pelas embaixadas de Angola em Israel, Egito e Etiópia, de onde os peregrinos angolanos partiram num voo para Luanda. “E hoje estamos aqui e estamos todos satisfeitos, porque as coisas terminaram bem”, rematou.
O Departamento de Estado norte-americano começou a retirar de território israelita diplomatas não essenciais e respetivas famílias, numa altura em que o presidente Donald Trump pondera uma intervenção no conflito entre Israel e Irão.
Um avião do governo norte-americano retirou hoje vários diplomatas e familiares que tinham pedido para abandonar Israel, confirmaram à AP dois responsáveis governamentais, que pediram anonimato.
Pouco antes, o embaixador norte-americano em Israel, Mike Huckabee, anunciou no X que a embaixada estava a planear voos e navios de evacuação.
O Departamento de Estado adiantou em comunicado que “dada a situação atual e como parte do estatuto de partida autorizada da embaixada, o pessoal da missão começou a deixar Israel por diversos meios". "Partida autorizada" significa que os funcionários não essenciais e as famílias de todos os funcionários têm direito a sair a expensas do governo.
Não houve indicação de quantos diplomatas e familiares partiram de Israel.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas agendou para sexta-feira uma reunião sobre o conflito entre Israel e o Irão, a pedido de Teerão, anunciou a presidência deste órgão. Segundo fonte diplomática citada pela AFP, a nova reunião, agendada para sexta-feira às 10 horas locais (15 horas de Portugal continental), foi solicitada pelo Irão, um pedido apoiado pela Rússia, China e Paquistão.
Presidido este mês pela Guiana, o Conselho de Segurança realizou uma reunião de emergência na semana passada, logo após Israel atacar o Irão em 13 de junho.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram ter atacado mais de 20 alvos militares em Teerão, incluindo de projetos de desenvolvimento de armas nucleares e de produção de mísseis.
“Nas últimas horas, 60 caças da IAF (Força Aérea), sob a direção precisa da Direção de Informações das FDI, atingiram mais de 20 alvos militares em Teerão”, afirmaram as forças israelitas em comunicado publicado no Telegram.
“Como parte do amplo esforço para operar contra o projecto de desenvolvimento de armas nucleares do Irão, [foram atacados] locais de produção de armas, locais de produção de centrifugadoras [nucleares], bem como locais de investigação e desenvolvimento do projeto de desenvolvimento de armas nucleares do regime iraniano”, adiantaram.
Segundo as IDF, estes locais permitem ao regime iraniano “expandir a escala e o ritmo do seu objetivo de enriquecimento de urânio para o desenvolvimento de armas nucleares”.
“O regime iraniano enriquece urânio muito acima do nível necessário para uso civil, com ênfase no enriquecimento a níveis elevados. O regime iraniano utilizou o vasto território do Irão e estabeleceu os seus locais de produção em diversas áreas espalhadas por todo o país, de forma a manter o funcionamento contínuo da indústria”, adiantam as IDF.
O Governo iraniano convocou o embaixador suíço em Teerão, em representação dos Estados Unidos, depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, admitir uma possível intervenção militar de Washington contra o Irão.
"Após as declarações irresponsáveis e ameaçadoras do Presidente norte-americano, o embaixador suíço (...) foi convocado para o Ministério dos Negócios Estrangeiros", informou a televisão estatal da República Islâmica, sem adiantar mais pormenores.
Do mesmo modo, o Ministério iraniano convocou o embaixador da Alemanha em Teerão, no seguimento de declarações do chanceler alemão, Friedrich Merz, de apoio aos ataques de Israel contra o Irão, iniciados no ia 13 de junho.
"Após as vergonhosas declarações do chanceler alemão a apoiar a agressão de Telavive contra o nosso país, o embaixador daquele país [Alemanha] foi convocado para o Ministério dos Negócios Estrangeiros", noticiou a televisão estatal.
Com a crescente suspeita de que os Estados Unidos vão atuar diretamente no conflito entre Israel e o Irão, o líder supremo iraniano fez um discurso televisivo esta quarta-feira para salientar que Teerão não se renderá e que uma intervenção americana resultará em “danos irreparáveis”. Donald Trump, que ameaçara o ayatollah no dia anterior, deixou aberta a possibilidade de um ataque perpetrado pelos EUA e afirmou que os iranianos querem negociar.
O presidente francês pediu ao chefe da diplomacia, Jean-Noël Barrot, uma iniciativa para "propor um acordo negociado exigente, capaz de pôr fim ao conflito" entre Israel e Irão, nos próximos dias, anunciou hoje o Eliseu.
Durante um conselho de defesa e segurança nacional no Palácio do Eliseu, Emmanuel Macron “manifestou preocupação com a escalada em curso, com ataques israelitas que visam cada vez mais alvos sem relação com o programa nuclear e balístico iraniano e um número crescente de vítimas civis no Irão e em Israel”.
O chefe de Estado francês considerou “necessário pôr fim urgentemente a estas operações militares”, precisou a Presidência francesa, em comunicado.
Como havia dito nos últimos dias, na sequência do lançamento dos ataques israelitas na sexta-feira e durante a cimeira do G7 no Canadá, Macron reiterou novamente que “uma resolução duradoura do programa nuclear e balístico” do Irão “só poderá ser alcançada através da negociação”.
O presidente francês reafirmou também “a vontade da França de iniciar um diálogo sem concessões com o Irão sobre as atividades de desestabilização regional”, acrescentou o Eliseu.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, agradeceu hoje ao presidente norte-americano, Donald Trump, pelo seu apoio na "defesa dos céus de Israel", ao mesmo tempo que elogiou os ataques “com uma enorme força” contra o Irão.
“Agradeço-lhe por estar connosco e agradeço-lhe o apoio que os Estados Unidos nos dão na defesa dos céus de Israel”, declarou Netanyahu num discurso televisivo, referindo-se a Trump como “um grande amigo” do Estado israelita.
No seu discurso, o primeiro-ministro indicou que Israel estava a "avançar, passo a passo, para eliminar" a ameaça nuclear iraniana e a dos seus mísseis balísticos.
"Estamos a atacar com uma enorme força o regime dos ayatollahs. Estamos a atingir o seu programa nuclear, os seus mísseis, os seus quartéis-generais, os seus símbolos de poder", descreveu Netanyahu, lamentando "pesadas perdas, perdas dolorosas" no seu país.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou contra “qualquer intervenção militar adicional” no conflito entre o Irão e Israel, que teria "enormes consequências" para toda a região. “Apelo veementemente a todos para que evitem qualquer internacionalização adicional do conflito”, instou Guterres numa declaração lida pelo seu porta-voz, que especificou que a internacionalização significava "mais países envolvidos" no conflito, sem nomear nenhum Estado especificamente.
Guterres admitiu continuar “profundamente alarmado” com a escalada militar em curso no Médio Oriente devido ao conflito entre Israel e o Irão e reiterou o apelo para uma redução imediata da escalada, que conduza a um cessar-fogo. “Qualquer intervenção militar adicional poderá ter consequências enormes, não só para os envolvidos, mas para toda a região e para a paz e segurança internacionais em geral”, advertiu o líder da ONU na mesma nota.
O ex-primeiro-ministro português condenou ainda o que considera ser uma “trágica e desnecessária” perda de vidas e ferimentos de civis, assim como os danos em casas e infraestruturas civis classificadas como essenciais.
Para Guterres, a diplomacia continua a ser a melhor e única forma de abordar as preocupações relacionadas com o programa nuclear do Irão e as questões de segurança regional. “A Carta da ONU continua a ser a nossa estrutura partilhada para salvar as pessoas do flagelo da guerra. Exorto todos os Estados-membros a cumprirem integralmente a Carta e o direito internacional, incluindo o direito internacional humanitário”, concluiu.
O Irão acusou o presidente dos Estados Unidos de ser um mentiroso e um cobarde por ter "ameaçado eliminar o líder supremo do país", Ali Khamenei. "A única coisa mais desprezível do que as suas mentiras é a ameaça cobarde de 'eliminar' o líder supremo do Irão", observou a missão do Irão na ONU - a única representação diplomática do país nos Estados Unidos – numa mensagem divulgada na rede social X.
Na terça-feira, Donald Trump escreveu na sua rede Truth Social: "Sabemos exatamente onde o chamado 'Líder Supremo' está escondido. Ele é um alvo fácil, mas está seguro lá. Não vamos eliminá-lo (matá-lo) pelo menos não agora". No breve texto da mensagem, a missão iraniana contradiz ainda Trump, que tinha afirmado anteriormente que os iranianos tinham sugerido deslocar-se à Casa Branca, acrescentando, em declarações aos jornalistas, que essa decisão “é uma coisa corajosa da parte deles, algo que não é fácil para eles".
"Nenhum representante iraniano 'jamais' pediu para rastejar até aos portões da Casa Branca", observou a missão iraniana na publicação. "O Irão não negoceia sob pressão, não aceitará a paz sob pressão, muito menos com um belicista decadente apegado à notoriedade", disse a missão do Irão na ONU. E lembrou que o Irão "responderá a qualquer ameaça com uma contra-ameaça e a qualquer ação com medidas recíprocas".
A Amnistia Internacional instou as autoridades de Israel e do Irão a protegerem os civis, num momento de escalada bélica sem precedentes entre ambos, cumprindo o que está consagrado no direito internacional humanitário.
“À medida que mais e mais civis sofrem as consequências cruéis da terrível escalada militar no Irão e em Israel desde 13 de junho de 2025, por entre ameaças de uma nova escalada do conflito, a Amnistia Internacional insta as autoridades israelitas e iranianas a cumprirem as suas obrigações ao abrigo do direito internacional humanitário de proteger os civis”, declarou a organização num comunicado.
Sublinhando que “o direito internacional humanitário proíbe estritamente ataques dirigidos contra civis e objetos civis”, a secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard, insistiu que “impedir mais sofrimento deve ser a prioridade, não a procura de objetivos militares ou geopolíticos”.
As autoridades de Teerão emitiram um aviso aos habitantes de Haifa para que se retirem desta cidade no norte de Israel, devido a ataques iminentes com mísseis, informou a televisão estatal iraniana.
“Há poucos minutos, foi emitido um aviso de evacuação aos colonos sionistas em Haifa para os proteger dos ataques de mísseis iranianos”, informou a emissora.
O aviso vem acompanhado com uma imagem e uma mensagem em hebraico: “Por favor, deixem a área marcada imediatamente. Nas próximas horas, as forças armadas da República Islâmica do Irão vão operar nesta área”.
A Embaixada dos Estados Unidos em Israel emitiu um aviso urgente sobre a retirada de cidadãos norte-americanos do país, depois de ter desaconselhado viagens para território israelita devido ao novo conflito na região.
Numa mensagem na rede social X, o embaixador norte-americano em Jerusalém, Mike Huckabee, recomendou aos cidadãos do seu país que desejam abandonar Israel, em guerra com o Irão desde 13 de junho, o seu registo no Departamento de Estado, indicando que estão a ser preparados voos e cruzeiros de evacuação.
O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês disse estar "muito preocupado" com a possibilidade de o conflito entre Israel e o Irão “ficar fora de controlo” e de toda a região estar a caminhar para um “abismo desconhecido”.
"As ações de Israel, a ignorar o direito internacional e as regras internacionais, causaram uma tensão repentina no Médio Oriente, e a China também está muito preocupada que a situação possa ficar fora de controlo”, disse Wang Yi ao homólogo egípcio, Badr Abdelatty, durante uma conversa telefónica, de acordo com a diplomacia chinesa.
Numa outra chamada telefónica com a diplomacia de Omã, também hoje, Wang Yi disse que os dois países "não podem ficar de braços cruzados e deixar a região cair num abismo desconhecido", segundo relatou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.
Ministério das Comunicações do Irão confirmou que desativou a rede de Internet para "evitar abusos inimigos", no âmbito dos ataques aéreos lançados por Israel em 13 de junho e que hoje entraram no sexto dia consecutivo.
“Considerando o uso indevido da rede de comunicações do país pelo inimigo agressor para fins militares e a ameaça à vida e à propriedade do povo oprimido, as autoridades competentes decidiram impor restrições temporárias ao acesso dos utilizadores à Internet", justificou o ministério iraniano, segundo a agência de notícias Mehr.
As autoridades iranianas confirmaram deste modo a informação anteriormente avançada pela NetBlocks, empresa especializada na monitorização de sistemas de comunicação eletrónica em zonas de conflito, dando conta de um "apagão quase total” em todo o país.
"Os dados da rede em tempo real mostram que o Irão enfrenta agora um apagão nacional quase total da Internet", informou na rede X.
A NetBlocks referiu que o Irão já estava a sofrer "uma série de interrupções parciais" na sua rede nos últimos dias.
O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, assegurou esta quarta-feira que os aviões da Força Aérea destruíram a "sede de segurança interna" do Irão, pouco depois de o Exército anunciar ataques em Teerão, a capital.
"Os aviões da Força Aérea acabaram de destruir a sede de segurança interna do regime iraniano, o principal braço de repressão do ditador iraniano", disse Katz em comunicado, prometendo "atingir o regime dos aiatolás em qualquer lugar que esteja".
O presidente norte-americano avisou esta quarta-feira que a paciência com o regime iraniano “está a esgotar-se”, mas não deu indicações se tenciona atacar o Irão, que está em guerra com Israel desde 13 de junho. “Talvez o faça, talvez não. Ninguém sabe o que vou fazer”, declarou Donald Trump, a propósito da possibilidade de entrar no conflito ao lado de Israel.
Em declarações aos jornalistas na Casa Branca, Donald Trump confirmou contactos das autoridades iranianas com Washington, depois do início dos ataques aéreos israelitas.
"Eu disse que era muito tarde para discutir (...) Há uma grande diferença entre agora e há uma semana, não é?", referiu, acrescentando que as autoridades iranianas “até sugeriram ir à Casa Branca", numa proposta que descreveu como corajosa, porque “não é fácil para eles fazerem isto”.
Símbolo da resistência iraniana à pressão internacional, a central de enriquecimento de urânio Fordo, construída debaixo de montanhas, é um dos alvos prioritários que Israel quer destruir na vaga de ataques que começou a 13 deste mês. Mas só conseguirá fazê-lo com uma bomba específica, a GBU-57, na posse dos EUA.
Embora Israel tenha conduzido missões de sabotagem e ataques aéreos contra a infraestrutura nuclear iraniana - alegando que Teerão se aproximava do “ponto de não retorno” para obter uma bomba atómica - a sua capacidade de atingir a central de enriquecimento de urânio Fordo está limitada.
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As autoridades iranianas realizaram nos últimos dias várias operações contra alegados agentes dos serviços secretos israelitas (Mossad), com uma série de detenções e o desmantelamento, hoje, de uma oficina onde eram produzidos drones.
Dezenas de pessoas foram detidas desde segunda-feira, em operações das forças iranianas que também apreenderam armas, explosivos e drones (aeronaves não-tripuladas) que Israel estava alegadamente a fabricar no interior do Irão para realizar atentados, noticiaram vários meios de comunicação social iranianos.
Hoje, a Guarda Revolucionária anunciou num comunicado, citado por várias agências oficiais, que deteve “cinco traidores”, que associou a espiões da Mossad, na província ocidental de Lorestão.
Segundo o comunicado, “estes mercenários” estavam a tentar criar distúrbios da ordem pública e a participar em campanhas nas redes sociais para desacreditar o regime islâmico.
Mais duas pessoas foram detidas hoje, quando as autoridades iranianas desmantelaram uma oficina de produção de “drones suicidas” em Pishva, perto de Teerão, numa operação que começou quando encontraram um camião que transportava oito desses aparelhos, segundo o ‘site’ de informação iraniano Iran Nuances.
Mais de 400 cidadãos da União Europeia (UE), de países como Eslováquia, Lituânia, Grécia e Polónia, foram retirados de Israel na sequência do encerramento do espaço aéreo israelita devido às tensões na região, em voos apoiados pela Comissão Europeia.
A informação foi hoje avançada pela porta-voz do executivo comunitário para a área da gestão de crises, Eva Hrnčířová, que na conferência diária da instituição, em Bruxelas, indicou que, “até agora, estima-se que mais de 400 cidadãos europeus tenham sido repatriados através do mecanismo de proteção civil da UE”.
“Isto é feito através do nosso Mecanismo de Proteção Civil. Como sabem, os Estados-membros podem ativar este mecanismo – o que aconteceu no caso da Eslováquia, da Lituânia, da Grécia e da Polónia – (…), que pediram ou solicitaram a nossa ajuda e nós, obviamente, prestamo-la, o que significa que ajudamos na coordenação e também ajudamos nas partidas assistidas de cidadãos europeus a partir da Jordânia e do Egito”, afirmou a representante.
O líder supremo do Irão, Ayatollah Ali Khamenei, defendeu esta quarta-feira uma "resposta forte" aos ataques de Israel e prometeu que o seu país "não terá piedade" dos governantes israelitas, horas depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter exigido a "rendição incondicional" de Teerão.
"Devemos dar uma resposta forte ao regime terrorista sionista. Não mostraremos piedade aos sionistas", publicou Khamenei na rede social X.
Imagens captadas a 29 de maio e a 17 de junho, após ataques israelitas, mostram danos em infrastruturas iranianas de defesa e armamento e, em algumas, subterrâneas, é visível que o solo abateu.
O líder do Irão, ayatollah Ali Khamenei, recusou hoje uma rendição dos iranianos e advertiu para “danos irreparáveis” se os Estados Unidos intervierem no conflito com Israel, numa declaração lida na televisão estatal.
“A nação iraniana opõe-se firmemente a uma guerra imposta, tal como se oporá firmemente a uma paz imposta. Esta nação nunca se renderá à imposição de quem quer que seja”, afirmou Khamenei.
“Os americanos devem saber que qualquer intervenção militar da sua parte resultará certamente em danos irreparáveis”, disse o líder no poder desde 1989, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
O chefe da Agência de Energia Atómica do Irão, Mohamed Eslami, afirmou hoje que as instalações nucleares subterrâneas iranianas atacadas por Israel estão operacionais, rejeitando que o país enfrente escassez de combustível.
Mohamed Eslami, disse ainda que os cientistas do Irão "estão motivados" apesar dos bombardeamentos israelitas.
As declarações de Eslami ocorrem depois de os militares israelitas terem anunciado que tinham atacado, durante a última noite, uma central de produção de centrifugação nuclear e várias instalações de fabrico de armas, na região de Teerão.
"A moral dos nossos colegas nas instalações nucleares é excelente e estão a levar a cabo as tarefas de forma firme", acrescentou o responsável iraniano.
A Rússia advertiu esta quarta-feira os EUA contra o envolvimento direto no conflito armado entre Israel e o Irão, alegando que isso iria “desestabilizar radicalmente” a situação.
“Advertimos Washington contra tais ações e até contra a especulação sobre elas. Isso desestabilizaria radicalmente toda a situação”, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Riabkov, segundo a agência noticiosa espanhola EFE.
Riabkov disse que os Estados Unidos estão constantemente a dizer que não interferem e depois que vão intervir.
Israel recusou hoje negociar com o Irão e assegurou que vai prosseguir a ofensiva militar apelidada pelo exército de “Leão Ascendente”, iniciada em 13 de junho, até atingir todos os objetivos.
“Não haverá negociações. A operação vai continuar até atingirmos os nossos objetivos”, disse o chefe da diplomacia israelita, Gideon Saar, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Saar fez as declarações durante uma reunião de informação com mais de 30 embaixadores estrangeiros, incluindo os de Itália, Polónia, Índia, Espanha e Suécia.
O Iraque comunicou aos Estados Unidos que recusará a utilização do seu espaço aéreo no âmbito da guerra entre Israel e o Irão.
O ministro dos Negócios Estrangeiros iraquiano, Fuad Hussein, informou o encarregado de negócios dos Estados Unidos em Bagdade, Steve Fagin, de que “o Iraque mantém uma posição firme, rejeitando a utilização do seu espaço aéreo” no conflito.
Durante a reunião de Hussein com Fagin, “foi discutida a perigosa escalada militar na região”, disse o ministério num comunicado divulgado nas redes sociais, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press.
Hussein alertou “para as potenciais repercussões [do conflito] na segurança e estabilidade no Médio Oriente e na segurança internacional, bem como o impacto negativo na economia global”.
“O nosso país opõe‑se a qualquer violação dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas que comprometa a soberania, a segurança e a integridade territorial de outros Estados”, afirmou o porta‑voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Guo Jiakun, numa conferência de imprensa em Pequim.
Guo advertiu que “um agravamento da situação no Médio Oriente não beneficia nenhuma das partes envolvidas” e apelou aos países com “especial influência sobre Israel” para que “adotem uma posição objetiva e justa, desempenhando um papel positivo e construtivo para atenuar a tensão e impedir uma escalada do conflito”, numa referência velada aos Estados Unidos da América.
Na terça‑feira, Donald Trump escreveu na rede social Truth Social que sabe “exatamente onde se esconde” o líder supremo do Irão, Ali Khamenei, mas que, “por agora”, não dará ordem para o eliminar. “É um alvo fácil, mas está seguro onde está. Não o vamos eliminar (matar!), pelo menos por enquanto”, afirmou o chefe de Estado norte‑americano.
“O total de 791 cidadãos chineses já foi transferido do Irão para zonas seguras e mais de mil pessoas estão em processo de retirada”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China Guo Jiakun, durante uma conferência de imprensa em Pequim.
Segundo o mesmo responsável, cidadãos chineses também foram retirados em segurança de Israel.
“A China expressa a sua gratidão aos países envolvidos pelo apoio e assistência prestados”, declarou Guo Jiakun.
Israel e o Irão têm trocado bombardeamentos desde que os militares israelitas lançaram uma série de ataques de surpresa contra as capacidades militares e o programa nuclear da República Islâmica do Irão na madrugada de sexta-feira.
Os ataques de Israel mataram pelo menos 232 pessoas e feriram cerca de 1800, na maioria civis. Em Israel, pelo menos 24 pessoas foram mortas na sequência dos disparos de mísseis iranianos.
O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, disse que os símbolos do regime iraniano estão a ser destruídos, acrescentando que os ataques contra Teerão vão fazer cair o regime.
"Um tornado sobrevoa Teerão. Símbolos do regime iraniano são bombardeados e destruídos, desde a Autoridade de Radiodifusão [televisão estatal] a outros alvos. Multidões de residentes fogem. É assim que as ditaduras caem", disse Katz, numa mensagem difundida através das redes sociais.
Na segunda-feira, Israel bombardeou os estúdios da emissora estatal iraniana IRIB. Para Jerusalém, trata-se de um canal de propaganda e de incitamento à violência. O ataque contra a estação de televisão matou três pessoas.
Na terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avisou os residentes de Teerão para abandonarem a capital iraniana e apelou à “rendição incondicional” do Irão. Mais tarde, nas redes sociais, avisou o líder supremo iraniano, Ayatollah Ali Khamenei, que os Estados Unidos sabem onde se esconde.
Da véspera, destaque ainda para o anúncio do exército israelita de que matou o general Ali Shadmani, descrito como o mais alto comandante militar iraniano.
Recorde aqui o que de mais importante aconteceu na terça-feira, no conflito que opõe Israel e Irão desde a passada sexta-feira.
O exército israelita anunciou esta quarta-feira ter atacado durante a noite uma fábrica de centrifugadoras nucleares e várias instalações de fabrico de armas em Teerão, no sexto dia de uma ofensiva aérea contra o Irão.
"O exército atacou uma instalação utilizada para fabricar centrifugadoras em Teerão, concebidas para permitir ao regime iraniano acelerar o seu programa de enriquecimento de urânio para fins militares", declarou o exército israelita em comunicado.
Foram também bombardeadas fábricas de armamento, incluindo uma dedicada à produção de matérias-primas e componentes para mísseis superfície-superfície utilizados em ataques iranianos.
Uma outra instalação que alegadamente produzia mísseis terra-ar destinados a abater aviões foi destruída.
O porta-voz militar israelita, brigadeiro Effie Defrin, anunciou uma nova vaga de ataques na terça-feira à noite, quando explosões e fogo antiaéreo se fizeram ouvir em Teerão, abalando edifícios.
O exército israelita afirmou que os seus aviões de guerra tinham como alvo 12 locais de lançamento de mísseis e instalações de armazenamento.
Também o Irão lançou esta madrugada uma nova vaga de bombardeamentos, que incluiu a utilização de mísseis Fatah, descritos por Teerão como hipersónicos.
Israel não confirmou a utilização de mísseis hipersónicos pelo Irão.
As armas hipersónicas, que voam a velocidades superiores a Mach 5, colocam desafios cruciais aos sistemas de defesa antimíssil devido à sua velocidade e capacidade de manobra.