Governo israelita nega cessar-fogo de 21 dias e intensifica ataques. Hezbollah retalia com 80 rockets dirigidos a povoações e infraestruturas militares.
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Israel leva em frente a guerra no país vizinho a todo o custo e ignora o pedido internacional de tréguas com o Hezbollah, aumentando receios de uma agudização do conflito com a possível invasão terrestre do sul do Líbano - algo para o qual já anunciou estar preparado. O apelo, promovido pelos Estados Unidos e aliados mas também pelo Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar, propunha um cessar-fogo de 21 dias na fronteira. O acordo, negociado à margem da Assembleia Geral da ONU, contemplava também negociações com reféns entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.
De forma praticamente unânime, o Governo israelita rejeitou qualquer tipo de cedência. “As notícias sobre um cessar-fogo são incorretas. Trata-se de uma proposta franco-americana, à qual o primeiro-ministro nem sequer respondeu”, afirmou ontem o gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Em contrapartida, Israel comunicou às suas Forças Armadas para continuarem a combater “com toda a força” até se alcançarem os objetivos.
O ministro das Finanças, o ultranacionalista Bezalel Smotrich, defendeu que os ataques só podem terminar com o “esmagamento do Hezbollah” e rejeitou dar tempo ao adversário para recuperar dos golpes sofridos. Na mesma linha, a ministra das Missões Nacionais e dos Colonatos, Orit Strock, disse que “não há mandato moral para um cessar-fogo, nem por 21 dias nem por 21 horas”. Já o líder da oposição, Yair Lapid, defendeu que se deveria aceitar a proposta, mas “apenas por sete dias”. Itamar Ben Gvir foi o mais radical. O ministro de extrema-direita ameaçou boicotar o trabalho do Governo se Israel aceitasse as tréguas. “Se for assinado um cessar-fogo temporário com o Hezbollah, o partido (Otzma Yehudit, ou Força Judaica) não cumprirá todas as obrigações no âmbito da coligação, em particular a votação, a participação em reuniões e todas as atividades da coligação governamental”, declarou, assumindo demitir-se também se tal cessar-fogo for tornado permanente.
Antony Blinken insistiu no cessar-fogo para ganhar tempo para uma “solução diplomática”. O secretário de Estado norte-americano frisou que uma guerra em grande escala seria “má para todos” e instou Israel a não cair na “armadilha” do Irão, aliado do Hezbollah. Segundo Blinken, o Governo iraniano está a tentar “mergulhar Israel em várias guerras de desgaste, seja no norte do Líbano, em Gaza ou noutros locais da região”.
Retaliação contra Israel
Duas pessoas morreram e 15 ficaram feridas ontem num ataque em Beirute contra o comandante da unidade de drones do Hezbollah, confirmou o movimento pró-iraniano. O exército reivindicou a morte do comandante, Mohammed Srour. É o quarto ataque no mesmo subúrbio da capital.
Por sua vez, o Hezbollah respondeu ontem com 80 rockets disparados sobre a cidade de Safed, no norte de Israel. A retaliação passou também pelo lançamento de projéteis e drones contra várias povoações e alvos militares em Israel. O movimento afirmou num comunicado que bombardeou complexos do grupo estatal de armamento Rafael. Israel respondeu às provocações do Hezbollah com intensos bombardeamentos no sul e leste do Líbano.
Milhares de pessoas fogem para a Síria
A comunidade internacional juntou-se num apelo de tréguas entre Israel e o Hezbollah, no Líbano. Até os Estados Unidos, aliados de Israel, pediram o cessar-fogo temporário. Mas o primeiro-ministro israelita leva em frente a guerra no país vizinho a todo custo.
O ministro de extrema-direita israelita Itamar Ben Gvir ameaçou boicotar o trabalho do Governo se Israel o aceitasse. “Se for assinado um cessar-fogo temporário com o Hezbollah, o partido (Otzma Yehudit, ou Força Judaica) não cumprirá todas as obrigações no âmbito da coligação - em particular a votação, a participação em reuniões e todas as atividades da coligação governamental”, declarou, assumindo demitir-se também se tal cessar-fogo for tornado permanente.