
Jornalistas mortos em ataque no Sul de Gaza
Foto: Haitham Imad/EPA
Ataque aéreo a hospital no Sul da Faixa de Gaza que deixou pelo menos 20 mortos vitimou cinco profissionais dos média. Fogo hebraico matou um sexto repórter também nesta segunda-feira.
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Um bombardeamento israelita contra o hospital Nasser, em Khan Younis, no Sul de Gaza, provocou a morte de pelo menos 20 pessoas, incluindo cinco jornalistas. Mais tarde, outro profissional foi morto a tiro na mesma cidade. O assassinato destes repórteres, além de dificultar a transmissão da dura realidade do enclave, gerou condenação global.
O ataque aéreo ocorreu em duas etapas, segundo a Defesa Civil do território palestiniano e testemunhas, tendo inicialmente um drone israelita atingido o edifício com um explosivo, matando o videojornalista Hussam al-Masri, que trabalhava para a agência britânica Reuters e transmitia em direto a situação no terreno. Um segundo bombardeamento vitimou outros jornalistas, além de socorristas e médicos.
Israel matou também Mariam Dagga, que trabalhava para a agência americana Associated Press e cujas lentes denunciavam a fome e o desespero dos sobreviventes. Outras vítimas foram Mohammed Salama, fotográfo do canal catari Al Jazeera, o freelancer Moaz Abu Taha, que chegou a trabalhar para a Reuters, e Ahmed Abu Aziz, que prestava serviços à agência palestiniana Quds Feed Network.
"Mártires da verdade"
Posteriormente, o jornal "Al-Hayat al-Jadida", da Autoridade Nacional Palestiniana, reportou o assassinato de Hassan Douhan, morto pelo fogo hebraico, também em Khan Younis. Mais cedo, o correspondente tinha homenageado os colegas numa publicação nas redes, considerando-os "mártires da retidão e da transmissão da verdade, da palavra e da imagem, (...) do dever nacional e do jornalismo". "Aos céus eternos, às luas da pátria e aos colegas de profissão", escreveu na última declaração pública.
"O Chefe do Estado-Maior-Geral instruiu para conduzir uma investigação inicial o mais rapidamente possível", informaram as forças de Telavive, pontuando que "lamentam qualquer dano a indivíduos não envolvidos" e que "não têm jornalistas como alvos". O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu qualificou o caso como um "trágico acidente".
Sem citar Israel, o chefe da agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), Philippe Lazzarini, condenou a agressão contra "as últimas vozes que relatam a morte silenciosa de crianças no meio da fome". "Jornalistas não são um alvo. Hospitais não são um alvo", afirmou a porta-voz do Gabinete do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. "O assassínio de jornalistas em Gaza deve chocar o Mundo, não o mergulhando num silêncio atordoado, mas fazendo-o agir", completou Ravina Shamdasani.
O presidente dos EUA, Donald Trump, frisou que está "nada contente" com o que aconteceu. O chefe da diplomacia do Reino Unido, David Lammy, disse ter ficado "horrorizado" pelo caso, enquanto a Alemanha pediu uma investigação e que Israel "permita o acesso imediato aos média estrangeiros independentes e proporcione proteção aos jornalistas que operam em Gaza".
Desde outubro de 2023, morreram 244 jornalistas e profissionais da comunicação social em Gaza, de acordo com o gabinete de Imprensa do Governo palestiniano.
