O executivo de Giorgia Meloni aprovou uma lei que proíbe a produção, venda e importação de carne cultivada em laboratório com o objetivo de proteger a "tradição italiana". A produção de carne sintética ainda não está autorizada na União Europeia.
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O parlamento italiano aprovou, esta sexta-feira, uma lei que impede a produção, venda e importação de carne cultivada em laboratório, uma prática que ainda não é permitida no espaço europeu, avança a BBC.
Depois de o governo de extrema-direita, liderado por Giorgia Meloni, ter conseguido a aprovação do projeto de lei com 159 votos a favor, o ministro da Agricultura italiano, Francesco Lollobrigida, afirmou que "Itália é o primeiro país a salvo dos riscos sociais e económicos associados à comida sintética".
No exterior da assembleia, decorreram manifestações a favor e contra a medida.
O debate ficou marcado pela tensão entre o diretor da associação de agricultores Coldiretti, Ettore Prandini, e deputados que se opunham a esta proibição. Durante a discussão, o agricultor atacou dois deputados do partido Mais Europa, chamando-lhes "criminosos" por votarem contra a proposta. Benedetto Della Vedova, um dos parlamentares visados, acusou o responsável pela organização de agricultores de ser um "hooligan".
Neste contexto, o presidente da Câmara Baixa, Lorenzo Fontana, advertiu que as "diferenças de opinião não podem desencadear qualquer forma de violência".
Até ao momento, a produção de carne sintética acontece apenas nos EUA e em Singapura. Na Europa, a União Europeia (UE) ainda não deu luz verde a nenhum projeto de criação de carne em laboratório. Se a UE aprovar essa prática, a nova lei italiana pode ser colocada em causa pela Comissão Europeia, segundo a BBC.
Em setembro, a Autoridade de Segurança Alimentar Europeia (Efsa, na sigla em inglês) referiu que ainda não tinha recebido qualquer pedido de autorização.
Francesco Lollobrigida defendeu a necessidade de proteger os "trabalhadores, empresários agrícolas e os cidadãos, que têm o direito de comer bem".
Por outro lado, os opositores da medida recusam que a carne cultivada em laboratório seja sintética, porque "é criada através do cultivo de células naturais sem modificação genética". Os grupos de bem-estar animal opõem-se à nova lei, porque a carne de laboratório é uma das soluções para a redução de emissões poluentes.