O Governo italiano quer proibir a venda da "canábis light", uma variedade de canábis cultivada para usos industriais e não psicoativos, que foi legalizada em Itália em 2016.
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Embora a produção de marijuana seja ilegal em Itália, o parlamento autorizou em 2016 o comércio de "canábis light", que contém níveis muito baixos de tetrahidrocanabinol (THC) e, por isso, não tem o mesmo efeito de alteração de consciência. Por outro lado, contém concentrações mais elevadas de canabidiol (CBD), conhecido pelos seus potenciais efeitos terapêuticos, como a redução da ansiedade, da dor e da inflamação.
No entanto, o governo de Giorgia Meloni, conhecido por ser defensor da moralidade pública e das estruturas sociais tradicionais, considera que a lei é demasiado frouxa e pretende agora proibir os produtos derivados de canábis por poderem "representar riscos para a segurança pública ou rodoviária".
Segundo o governo italiano, o problema reside na forma ambivalente como a lei original foi redigida, uma vez que legalizou a venda de “canábis light”, mas estipulou que não deveria ser fumada nem consumida. Como resultado, é muitas vezes embalada como um “produto de coleção” que não deve ser consumido.
“A alteração do governo é absolutamente necessária”, garantiu à agência Reuters Augusta Montaruli, membro do partido Irmãos de Itália, de Meloni, que defendeu o projeto de lei no parlamento. “Se alguém esperava operar dentro da incerteza jurídica, isso não é possível connosco”.
A decisão enfureceu os empresários, que afirmam que a medida pode custar milhares de empregos e pôr em perigo milhões de euros em investimentos. Os produtores argumentam que a planta tem uma componente psicotrópica insignificante e é um ingrediente vital para a sua cadeia de abastecimento que abrange alimentos, têxteis e cosméticos.
O cultivo do canábis foi aprovado pela União Europeia e é cultivado em todo o continente. Em fevereiro, a Alemanha juntou-se a Malta e ao Luxemburgo na legalização do consumo de marijuana.
Segundo Raffaele Desiante, responsável do grupo Italian Hemp Entrepreneurs, existem cerca de três mil empresas italianas a operar no setor, com 10 mil funcionários a tempo inteiro e um volume de negócios anual de cerca de 500 milhões de euros. Cerca de 90% do produto italiano é exportado.
A decisão de proibição da venda de produtos à base de canábis junta-se a uma série de outras medidas incluídas num decreto de segurança, que abrange repressão de manifestações, ocupações e protestos, bem como novas e rigorosas restrições aos protestos nas prisões.