Lusodescente apresentou-se, na sexta-feira, no tribunal federal de Boston, onde foi acusado sob a Lei de Espionagem, podendo enfrentar até 15 anos de prisão.
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Jack Douglas Teixeira conheceu ontem as duas acusações que lhe são imputadas - enquadradas na Lei de Espionagem -, relacionadas com a divulgação de centenas de documentos classificados da Defesa norte-americana. O militar de 21 anos, membro da Divisão de Inteligência da Guarda Nacional Aérea do Massachusetts, e neto de portugueses, fica sob custódia até à audiência de detenção, agendada para 19 de abril.
Jack Teixeira foi formalmente acusado pelo tribunal federal de Boston de "retenção e transmissão não autorizadas de informações de defesa nacional", e de "remoção e retenção não autorizadas de documentos ou materiais classificados", segundo o jornal "The New York Times", que refere ainda que o suspeito vai permanecer sob custódia até à audiência de detenção, na próxima quarta-feira, de acordo com o gabinete do procurador dos EUA em Massachusetts.
O "The New York Times" refere que as duas leis citadas na denúncia criminal do FBI contra Jack Teixeira centram-se na proteção de segredos do Governo. O agente especial do FBI Patrick M. Lueckenhoff defendeu no documento remetido ao juiz federal, a que o jornal teve acesso, que existe causa provável para acreditar que o jovem militar terá violado duas partes do Título 18 do código federal.
O procurador-geral dos EUA assinalou ontem, referindo-se à fuga de informação classificada, que "não se trata apenas de levar documentos para casa". "Tanto a retenção ilegal quanto a transmissão dos documentos... Existem penalidades muito graves associadas a isso. As pessoas que assinam acordos para receber documentos classificados reconhecem a importância para a segurança nacional de não divulgar esses documentos e pretendemos enviar essa mensagem à nossa segurança nacional", assinalou Merrick Garland, citado pelo jornal "The Guardian".
Biden quer mais proteção
Na posição mais assertiva desde que é conhecida a fuga de documentos confidenciais do Pentágono (Departamento de Defesa norte-americano), o presidente Joe Biden ordenou ontem aos serviços de informações que protejam "ainda mais" os documentos classificados.
"Enquanto continuamos a determinar a autenticidade desses documentos, instruí as agências militares e de informações para tomarem medidas para proteger e limitar ainda mais a distribuição de informações confidenciais. A nossa equipa de segurança nacional está a coordenar de perto com os nossos parceiros e aliados", disse o chefe de Estado.
Biden elogiou, contudo, a investigação em curso tal como a resposta célere das autoridades. O presidente tinha assumido, na quinta-feira, estar preocupado com a origem do processo que desencadeou a fuga, considerando, ainda assim, que a informação libertada não era assim tão relevante.
O principal suspeito, Jack Douglas Teixeira, foi detido na quinta-feira junto à casa da mãe, em North Dighton, vila no condado de Bristol, no Estado do Massachusetts, onde se concentra uma grande comunidade portuguesa que, segundo fontes contactadas nesse dia pelo JN, estava em choque com a revelação de que o militar é lusodescendente.