Jack Douglas Teixeira foi detido pelo FBI em North Dighton, vila onde a comunidade lusa predomina.
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Foi detido em North Dighton, no Estado do Massachussetts, nos Estados Unidos, o suspeito de ter libertado os documentos confidenciais do Pentágono relativos à guerra na Ucrânia, Jack Douglas Teixeira, norte-americano de ascendência portuguesa. Na pequena vila, onde a comunidade lusa assume presença predominante, reina a "consternação".
"Ele é neto de portugueses por via paterna, segundo confirmou o cônsul de Portugal em Boston e o presidente da Casa dos Açores em Fall River", disse ao JN o diretor de informação da SPT - SIC Internacional, Luís Pires.
"É uma família normal americana. Ele não consta nos registos consulares, é de terceira geração, não falará sequer português", referiu ainda o jornalista, que deu conta do choque que está a atravessar a comunidade: "A comunidade portuguesa está chocada. Não gostamos que os nomes portugueses andem a soar desta forma tão negativa".
Jack Teixeira, membro da ala de inteligência da Guarda Nacional da Força Aérea norte-americana, foi detido esta quinta-feira, "sem incidentes", numa residência em North Dighton, de acordo com a declaração emitida pelo FBI, encontrando-se o suspeito sob custódia. A detenção foi justificada "pelo seu alegado envolvimento na fuga de documentos secretos do Governo dos EUA e militares", refere a mesma nota do Departamento Federal de Investigação.
O FBI explica ainda que, desde o final da semana passada, "tem procurado agressivamente pistas de investigação". E acrescenta: "a detenção de hoje exemplifica o nosso compromisso contínuo em identificar, perseguir e responsabilizar aqueles que traem a confiança do nosso país e colocam a nossa segurança nacional em risco".
"Consternação" lusa
Em Fall River, a 15 minutos de distância de North Dighton, a rádio "Voz do Emigrante", ligada à comunidade portuguesa, questionava hoje os ouvintes, na sua emissão, sobre informações que pudessem clarificar a ascendência do jovem militar. "É muito provável que ele seja português, porque naquela pequena vila, cerca de 40% dos habitantes são portugueses, maioritariamente açorianos", disse Frank Baptista ao JN, fundador e diretor da rádio, já com 35 anos, localizada em Fall River, no condado de Bristol, onde, segundo Frank, se concentra a maior comunidade portuguesa nos EUA.
"Em todas essas vilas do condado de Bristol, Swansea, Sommerset, residem muitos portugueses. Continuaremos a fazer apelos aos ouvintes até fecharmos a emissão de hoje, às 20 horas, e retomaremos às 6 horas da manhã", assegurava ainda ao JN o diretor da rádio, de nacionalidade cabo-verdiana, que dava conta da "consternação" que se sentia entre os ouvintes portugueses sobre a possibilidade daquele que difundiu documentos confidenciais do Pentágono pertencer à comunidade, pouco habituada a estas convulsões.
A edição online do "The New York Times" escrevia hoje que foram colocados postos de controlo da polícia na Maple Street, onde Jack foi detido, para manter afastada a multidão de moradores e de jornalistas que entretanto chegaram ao local.
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