Primeiro-ministro segue em frente após moção de censura e planeia substituir conservadores "rebeldes".
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A moção de censura à qual o primeiro-ministro britânico foi sujeito esta segunda-feira afastou um cenário de destituição e pôs de lado o início de uma crise política em Londres. Apesar de mais de 40% dos deputados do Partido Conservador votarem, secretamente, contra o seu líder, Boris Johnson pode respirar de alívio, mas não se livra da pressão interna. A solução para castigar os infiéis passará por uma remodelação.
Ao fim de vários meses de críticas e desconfiança, depois de se tornar público que o chefe do Executivo britânico participou em festas ilegais durante o período de confinamento, Johnson prepara-se para seguir em frente, porém, só depois de fazer alterações em cargos dentro do próprio Governo, adianta o jornal espanhol "El País".
"O que precisamos agora é de nos unir como país e como partido", frisou o líder dos "tories", após conhecer os resultados da moção de confiança, naquilo que poderá ter sido uma antecipação dos planos que tem em vista. O primeiro-ministro está a preparar uma remodelação que passará por substituir os "rebeldes", que votaram contra a sua continuidade no poder, por aqueles que mostraram lealdade na hora da verdade.
Isto porque os deputados conservadores que votaram a favor da saída de Johnson mostraram não confiar no líder do Executivo e estão focados em dificultar-lhe a vida. O plano passa por boicotar a aprovação de leis, através de greves de votos, refere o "The Guardian".
Contestação pode piorar
Segundo o jornal britânico, uma parte dos 148 parlamentares que se mostraram contra a continuidade do primeiro-ministro pretendem impedir avanços na agenda legislativa do Executivo, abstendo-se de votações relevantes, dando o projeto de lei da Irlanda do Norte, que deverá ser publicado brevemente, como exemplo.
Para já, o líder do Partido fica imune a nova tentativa de moção de censura durante um ano, mas vários analistas políticos têm vindo a destacar que os regulamentos podem ser alterados.
A contestação interna poderá piorar depois de 23 de junho, se o Partido Conservador perder duas eleições parlamentares parciais consideradas indicativas do sentido da opinião pública no norte e sul do país.
Reações
Irlanda teme futuro
O Governo da Irlanda manifestou preocupação com um eventual impacto da "divisão interna" no Partido Conservador britânico nas negociações do Brexit, após a moção de censura contra Boris Johnson.
Zelensky apoia amigo
O presidente da Ucrânia manifestou a sua satisfação por Boris Johnson se manter como primeiro-ministro. O líder de Kiev referiu que Johnson é um "verdadeiro amigo da Ucrânia" e mostrou ser "um aliado".