O Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) e a Associação de Jornalistas Independentes de Myanmar apelaram, esta quarta-feira, para a libertação imediata de uma jornalista raptada pelo grupo rebelde Exército de Arakan.
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Mudra, 30 anos, foi raptada em 20 de setembro, quando se encontrava em casa, na localidade de Maungdaw, perto da fronteira com a Tailândia, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press.
A Agência de Notícias Fronteiriças (BNA, na sigla em inglês), para a qual Mudra trabalhava, disse que a jornalista foi raptada por um membro do grupo rebelde, noticiou o portal Irrawaddy.
O editor-chefe da agência, Kaung Myat Naing, explicou que Mudra estava a fazer uma série de reportagens sobre a falta de material escolar na aldeia de Thihoaye, onde a maioria da população teve de se deslocar devido à ofensiva rebelde.
"O Exército de Arakan tem de libertar Mudra imediatamente e permitir que os jornalistas realizem o seu trabalho de forma livre para cobrir o conflito no estado de Rakhine", declarou Shawn Crispin, representante do CPJ no Sudeste Asiático.
Um porta-voz do grupo rebelde, Jaing Tuja, afirmou que Mudra foi "interrogada por questões de segurança" e acusou-a de "não seguir as regras estabelecidas no âmbito do conflito" para garantir a segurança e a proteção de jornalistas.
"Temos vindo a observá-la há algum tempo. Chamámo-la para interrogatório, mas não a detivemos", assegurou.
A agência de notícias disse que a jornalista continuava detida pelos rebeldes e questionou que tenha sido estipulado um conjunto de normas a cumprir durante os confrontos.
A antiga Birmânia vive um conflito armado há décadas que opõe diversos grupos rebeldes de diferentes etnias.
O país do Sudeste Asiático é governado por uma junta militar desde 2021, quando depôs o governo eleito após um breve período de democratização da vida política que se seguiu a uma ditadura dos militares (1962-2011).