O jornalista norte-americano Glenn Greenwald, do portal de jornalismo de investigação "The Intercept", foi esta quinta-feira alvo de uma tentativa de agressão durante a participação num programa de rádio no Brasil.
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A tentativa de agressão começou quando Glenn Greenwald discutia com o jornalista brasileiro Augusto Nunes, conhecido por posições conservadoras e pelas críticas que fez ao Vaza Jato, um escândalo revelado pela equipa do The Intercept Brasil que colocou em causa a imparcialidade dos investigadores da operação Lava Jato.
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O jornalista norte-americano criticava Augusto Nunes por ter feito comentários negativos sobre os seus filhos adotivos com o deputado (membro da câmara baixa parlamentar) David Miranda, chamando-o de covarde por ter dito que um juiz devia analisar se o casal cuidava bem das crianças.
O brasileiro respondeu com a tentativa de dar um soco na cara de Greenwald, que se desviou, e ainda chegou a levar com a mão aberta do agressor na face, mas que também tentou retribuir com um soco em Nunes.
Após serem afastados por elementos da equipa do programa Pânico, da rádio Jovem Pan, a transmissão ficou suspensa por 12 minutos.
Quando o programa foi retomado, o jornalista brasileiro que começou a briga já não estava no local e Gleenwald, que permaneceu na estação, voltou a dizer que Nunes era um covarde porque nunca falaria que um juiz deveria investigar outras famílias cujos pais trabalham e têm filhos.
O ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e membros do grupo de trabalho da Lava Jato estão envolvidos num escândalo, conhecido como Vaza Jato, que começou em 9 de junho, quando o The Intercept Brasil e outros média parceiros começaram a divulgar reportagens que colocam em causa a imparcialidade da maior operação contra a corrupção no país.
Baseadas em informações obtidas de uma fonte não identificada, estas reportagens apontam que Moro terá orientado os procuradores da Lava Jato, indicado linhas de investigação e adiantado decisões enquanto era juiz responsável por analisar os processos do caso em primeira instância.
Se confirmadas, as denúncias indicam uma atuação ilegal do antigo magistrado e dos procuradores brasileiros porque, segundo a legislação do país, os juízes devem manter a isenção e, portanto, estão proibidos de auxiliar as partes envolvidas nos processos.
Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato, por seu turno, negam terem cometido irregularidades e criticam as reportagens do The Intercept e seus parceiros (Folha de S. Paulo, revista Veja, El País e o jornalista Reinaldo Azevedo), afirmando que são sensacionalistas e usam conversas que podem ter sido adulteradas e foram obtidas através de crime cibernético