As forças de segurança iranianas voltaram a prender uma jornalista que ajudou a divulgar o caso Mahsa Amini. Desta vez a lesada foi Nazila Maroufian. Em causa está uma entrevista com o pai da jovem curda, cuja morte desencadeou uma onda de protestos sem precedentes no Irão.
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Os protestos provocados pela morte de Mahsa Amini decorrem há sete semanas no Irão e, apesar dos alertas das autoridades, os manifestantes continuam inabaláveis, com protestos em áreas residenciais, universidades e nas principais avenidas do país.
E a repressão sobre aqueles que noticiaram a morte de Mahsa Amini, a 16 de setembro, três dias depois de ter sido detida pela polícia da moralidade, que a acusou de violar o rígido código de indumentária, também não parece ter fim. No início da semana, as orgnizações de direitos humanos denunciaram a detenção de duas jornalistas iranianas, que são acusadas de espionagem, mas há agora mais uma vítima da censura do regime.
Nazila Maroufian, uma jovem jornalista da cidade natal de Amini, Saqez, no Curdistão, foi detida no domingo, de acordo com o grupo de direitos dos curdos Hengaw, sediado na Noruega. Foi detida em casa de um familiar, em Teerão e transferida para a prisão de Evin, também na capital. Maroufian, que trabalhava para o site de notícias "Ruydad 24", publicou uma entrevista com o pai de Amini, Amjad, no dia 19 de outubro.
"Não tenciono cometer o suicídio, nem tenho qualquer doença subjacente", escreveu, na altura, ironicamente quando partilhou o link para o artigo, aludindo aos perigos que os jornalistas enfretam no Irão.A jovem revelou ainda que não pode publicar a o artigo durante dias e que a sua família estaria a ser ameaçada.
Apesar de ter sido retirada da Internet entretanto, sabe-se que na entrevista o pai de Mahsa negou que a filha tivesse qualquer problema de saúde.
De acordo com o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), sediado em Nova Iorque, 54 jornalistas foram presos durante os protestos, tendo sido confirmada a libertação sob fiança até ao momento de apenas uma dúzia. Segundo a organização não-governamental (ONG) Iran Human Rights, que tem sede em Oslo, 160 pessoas foram mortas nas manifestações, que decorrem desde 16 de setembro.