Armita Geravand, de 16 anos, terá sido intercetada pela “Polícia da Moralidade” no metro de Teerão, a 1 de outubro.
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O canal televisivo estatal “Rede de Notícias da República Islâmica do Irão” divulgou hoje que Armita Geravand, de 16 anos, entrou em morte cerebral. A jovem estava em coma, sob forte vigilância policial, desde o dia 1 de outubro, depois de alegadamente ter sido atacada por uma agente da “Polícia da Moralidade” no interior de uma carruagem do metro de Teerão, por não respeitar o uso obrigatório do hijab.
"As atualizações mais recentes sobre o estado de saúde de Armita Geravand indicam que a sua condição de saúde como morte cerebral parece certa, apesar dos esforços da equipa médica”, anunciou a estação.
Na gravação de videovigilância divulgada no dia do incidente, vê-se a adolescente a entrar dentro da carruagem, na estação de Shoada, e, segundos depois, a ser retirada, inanimada, e deixada na plataforma; não tendo sido divulgadas imagens do interior da carruagem. Organizações de Direitos Humanos atribuem a responsabilidade às autoridades iranianas, que monitorizam o uso do véu islâmico em público. A IRNA, agência noticiosa oficial do Governo, noticiou que a jovem desmaiou devido a tensão arterial baixa – versão defendida pelo Executivo e confirmada pela família de Armita.
Este caso remete para o de Mahsa Amini, a jovem curda iraniana que, em setembro do ano passado, morreu sob custódia policial após ter sido detida pelas autoridades por alegadamente não cumprir o código de vestuário feminino islâmico. A família disse que a causa da morte foi uma pancada na cabeça, mas a polícia negou e alegou um problema neurológico.
A morte de Mahsa Amini, que se tornou uma mártir no país, desencadeou fortes ondas de protestos no Irão, mas a contestação foi reprimida brutalmente pelo regime. Teme-se que a morte de Armita, em condições semelhantes, volte a desencadear manifestações generalizadas.
Jornalistas condenadas
Um tribunal iraniano condenou este domingo a penas de prisão as jornalistas Niloufar Hamedi e Elahe Mohammadi, que noticiaram a morte de Mahsa Amini, após um julgamento que teve início a 29 de maio e que decorreu à porta fechada.
Elaheh Mohammadi, que cobriu o funeral da jovem, foi condenada a seis anos de prisão por colaboração com os Estados Unidos, a cinco anos por conspiração contra a segurança do país e a um ano por propaganda contra a República Islâmica, segundo a agência noticiosa iraniana Mizan News.
A fotojornalista Niloufar Hamedi, que captou e publicou nas redes sociais uma imagem da família enlutada no hospital, foi condenada a sete anos de prisão por colaborar com os EUA, a cinco anos por conspiração contra a segurança do país e a um ano por propaganda contra a República Islâmica.