Um sírio de 22 anos, detido três dias após o homicídio de um professor em meados de outubro, foi condenado, esta segunda-feira, pela justiça francesa a cinco anos de prisão por incitar ao terrorismo, como reincidente.
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Depois da morte a 13 de outubro de um professor esfaqueado em Arras (norte de França) por um antigo aluno de origem russa acusado por radicalização islâmica, um relatório da Direção-Geral de Segurança Interna (DGSI) desencadeou a abertura de um inquérito em Dax (sudoeste) ao jovem sírio hoje condenado.
A 16 de outubro foi detido "num contexto que fazia recear eventos ligados ao terrorismo islâmico em França", segundo a presidente do tribunal de Dax.
O tribunal, que acatou o pedido do Ministério Público para uma condenação a cinco anos de prisão, ordenou igualmente que se mantenha detido e uma interdição de permanência em território francês por 10 anos após cumprida a sua pena.
Já condenado em 2021 por incitamento ao terrorismo, o arguido, desta vez, negou todos os factos de que estava acusado.
"Não quero fazer mal a ninguém, não sou perigoso", declarou em tribunal.
Os investigadores encontraram nos dois telefones do jovem sírio imagens de execução de reféns e de combatentes do Estado Islâmico (grupo terrorista) encapuzados, assim como extratos de vídeos difundidos pelo Estado Islâmico.
Certas conversas foram também consideradas pelo tribunal como "incitamentos" a aderir à jihad (guerra santa), tais como a frase descoberta numa conversa na rede social Telegram: "Pensam continuar muito tempo em frente aos ecrãs sem fazer nada?".
Para a sua advogada, Betty Dupin, que pediu a absolvição, o processo inscreve-se num "contexto particular", o do "alarmismo, no qual se julga por princípio de precaução".
A 13 de outubro, em Arras, um professor de francês, Dominique Bernard, foi esfaqueado até à morte à porta da sua escola por um antigo aluno, um jovem russo originário de Ingouchie, Mohammed Mogouchkov, acusado de radicalização islâmica desde fevereiro de 2021.
Um total de 330 inquéritos foram abertos pela justiça francesa por atos antissemitas e apologia do terrorismo desde o início do conflito entre Israel e o Hamas a 7 de outubro, segundo dados recolhidos pela AFP junto do Ministério da Justiça.