Julian Assange disse que Dilma Rousseff tinha "obrigação" de cancelar visita aos EUA
O fundador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange, defendeu quarta-feira que a Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, tinha a "obrigação" de cancelar a vista de Estado prevista para Washington depois de saber ter sido alvo de espionagem norte-americana.
Corpo do artigo
Assange falava através de videoconferência a partir da embaixada do Equador em Londres no final do seminário "liberdade, Privacidade e Futuro da Internet" que decorreu quarta-feira na cidade brasileira de São Paulo.
"Se não tivesse tomado essa decisão, iria ser vista como fraca. Ela tem a obrigação de proteger o povo brasileiro", disse Julian Assange, responsável pela divulgação de documentos secretos da diplomacia norte-americana.
Na videoconferência, que se prolongou por hora e meia, Assange disse também ser oportuno que o Brasil concedesse asilo político a Sarah Harrison, a assessora legal do WikiLeaks que ajudou o antigo analista da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, Edward Snowden, a fugir da Justiça norte-americana depois de revelar as alegadas ações de espionagem a várias personalidades e empresas.
"O Brasil devia conceder asilo a Sarah Harrison, Ela viveu aí, gosta do país e é uma oportunidade", disse.
Julian Assange também se referiu à medida do governo brasileiro estuda para obrigar as multinacionais que oferecem acesso a serviços de Internet em armazenar os seus dados no Brasil e não no exterior, e considerou não ser a solução.
"Não creio que o povo brasileiro ganhe alguma coisa com isso. A Única maneira de os proteger é não recolher os dados ou que estes sejam anónimos", precisou.
Julian Assange está refugiado na embaixada do Equador em Londres há mais de um ano para evitar a sua extradição para a Suécia, onde está acusado de delitos sexuais.